Título: BC e bancos negociam crédito imobiliário
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 11/04/2005, Finanças, p. C8

O Banco Central retoma nesta semana as discussões com empresários da construção civil e com representantes das instituições financeiras para definir o volume de recursos da caderneta de poupança que deverá ser aplicado em financiamentos habitacionais no segundo trimestre deste ano. A tendência é que, a exemplo do que ocorreu no primeiro trimestre, os bancos sejam obrigados a emprestar, a cada mês, 30% a mais do que no mesmo período do ano passado. Pela legislação em vigor, os bancos têm de aplicar pelo menos 65% dos saldos em caderneta de poupança em financiamento habitacional. Durante anos, porém, as aplicações efetivas ficaram bem abaixo desse percentual, em virtude de excepcionalidades concedidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Neste ano, os bancos deveriam aplicar cerca de R$ 12,8 bilhões em habitação. Mas, devido à fraca demanda por empréstimos habitacionais, o BC cortou esse valor para R$ 3,9 bilhões, ou 30% além do emprestado em 2004. Pela regra negociada com a indústria de construção civil e com as instituições financeiras, o BC estabeleceu uma revisão trimestral desses percentuais. Um dos segmentos mais interessados na abundância de financiamentos - a construção civil - dá indicações de que está satisfeito com a regra atualmente em vigor. "Não há nenhuma razão para mudar esse percentual", disse o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC), Paulo Safady Simão. No primeiro trimestre, os empréstimos habitacionais se saíram melhor do que o crescimento de 30% programado. Os números de março ainda não estão fechados, mas, pelos dados preliminares, estima-se que as aplicações tenham sido mais de 40% superiores ao período correspondente de 2004. No primeiro bimestre, a expansão foi de 51,5%, para R$ 516 milhões. Simão disse que, além dos valores para aplicação obrigatória em habitação, serão discutidas com o BC propostas de aperfeiçoamento nas regras de financiamentos. Entre elas, empréstimos para revitalização de prédios em centros históricos de municípios; financiamentos para imóveis comerciais de baixo valor; e uma linha de financiamento para famílias com renda até seis salários mínimos, com juros mais baixos, que misture recursos do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).