Título: Dirceu critica gasto social de FHC e Aécio
Autor: Ivana Moreira
Fonte: Valor Econômico, 12/04/2005, Política, p. A9

Num discurso duro, que chamou de "desabafo", o ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, destilou críticas contra os tucanos, especialmente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de Minas, Aécio Neves. "Quem tinha cinco programas sociais, com cinco cadastros em cinco ministérios diferentes vem nos dar lição de eficiência?", indagou ele, referindo-se ao governo de FHC. O ministro esteve ontem em Belo Horizonte para a inauguração da seção mineira do Instituto Cidadania e fez uma palestra sobre os programas sociais do governo Lula e os resultados já alcançados. "Não podia deixar de mostrar esses números aqui para que possamos comparar, já que a crítica é pública, como se fôssemos ineficientes e nossos programas sociais não consigam resultados", disse. "Isso mostra a soberba e arrogância de nossos críticos." Para José Dirceu, o ex-presidente foi irresponsável na gestão dos gastos governamentais, comprometendo o desenvolvimento do país. "(Ele) fez uma irresponsabilidade fiscal total e depois ainda fez o câmbio fixo e o endividamento do país." O ministro aproveitou o fato de estar na capital mineira para direcionar as críticas também ao governador do Estado. E atacou o projeto mais importante para Aécio Neves, o saneamento financeiro do Estado, batizado de "déficit zero". Qualquer um consegue zerar o déficit se cortar gastos da área social, argumentou o petista. Dirceu rebateu críticas ao aumento dos gastos públicos, argumento que era necessário ampliar os investimentos sociais e em infraestrutura. "O país precisava, tanto na área de combate à pobreza, como na área de educação e saúde", declarou. "Até porque é uma norma constitucional aumentar os gastos." De acordo com o ministro, os adversários políticos do PT falam do aumento dos gastos públicos para desviar a atenção da população da grande necessidade de ampliar investimentos em infra-estrutura e programas sociais. Segundo ele, o governo vem gastando mais onde é necessário, mas de maneira mais eficiente. Na comparação das despesas de pessoal entre o governo Lula e o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ministro apresentou números mostrando que os gastos não aumentaram. O chefe da Casa Civil aproveitou o público na capital mineira para também rebater as acusações de que a Previdência Social está paralisada em consequência das denúncias contra o titular da pasta, o ministro Romero Jucá. "A Previdência está funcionando, inclusive implantando um programa que o governo aceitou, mudando a Dataprev, aplicando a nova legislação de auxílio-doença", exemplificou. Dirceu fez a defesa do colega afirmando que é preciso esperar que seja encerrada a apuração das denúncias antes de afastá-lo do cargo. "Este é um problema que o Ministério Público e a Justiça estão analisando", disse. "Não há condenação e no Brasil, até que se prove o contrário, todos são inocentes." O ministro negou que a demonstração de números sobre os programas sociais do governo, ontem, em Belo Horizonte, tenha sido marketing eleitoral com foco em 2006. "A sociedade precisa saber o que o governo está fazendo, se está gastando bem", disse para justificar o conteúdo da palestra. "Quem deflagrou campanha foi o (prefeito do Rio de Janeiro) Cesar Maia, que se lançou candidato, e o (governador de São Paulo) Geraldo Alckmin." Também participaram ontem da inauguração do Instituto Minas Cidadania os ministros do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, e da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Nilmário Miranda. (Com agências noticiosas)