Título: Empresa da Marinha ganha mercado na África
Autor: Sergio Leo
Fonte: Valor Econômico, 13/04/2005, Brasil, p. A3

O Brasil começa a disputar os contratos de compra de embarcações e de levantamento geofísico, oceanográfico, hidrográfico e sísmico da costa dos países da África Ocidental. Discreto, incorporado à comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em visita a cinco países africanos, o vice-almirante da reserva Napoleão Bonaparte Gomes, presidente da Emgepron, a empresa de material bélico da Marinha, vem negociando a exploração de nichos de mercado com os países da África. Com a Namíbia, país que ganhou uma corveta da Marinha durante a última caravana africana de Lula, a Engeprom já ganhou um contrato de US$ 32 milhões, para construção de um navio-patrulha e quatro lanchas-patrulha. Os contratos com a Namíbia garantiram à Engeprom, uma empresa de porte médio, o recorde de exportações no ano passado, de US$ 35 milhões. Cerca de 60% das receitas de exportação da empresa vêm de países africanos, e devem aumentar, segundo Gomes. Com a Nigéria, país visitado no início da semana por Lula, a Engeprom começou a negociar a renovação de uma base da Marinha local, a Wilmot Point, construída pelos brasileiros na década de 80, e os contratos para o levantamento da costa - com estes últimos, Gomes acredita ser possível obter uma receita de US$ 7 milhões. Gana, o país para onde se dirigiu o presidente, ontem à tarde, já comunicou à Engeprom o interesse em adquirir lanchas. "Podemos explorar um nicho de mercado; os países europeus, como a França, e os Estados Unidos, oferecem embarcações excessivamente sofisticadas", comentou o presidente da Engeprom. "Esses países buscam embarcações mais simples, de manutenção mais fácil e barata." No avião, entre Abuja, capital da Nigéria, e a capital de Gana, Acra, Gomes comemorava as declarações do presidente nigeriano, Olusegun Obasanjo, que anunciou em discurso a intenção de comprar material de defesa do Brasil. Além de embarcações e serviços como o de levantamento de costas, a Engeprom fabrica munição, e, a partir das instalações da Marinha, tem capacidade de fazer manutenção de submarinos de tecnologia alemã, comuns em países em desenvolvimento com esse tipo de equipamento em suas Forças Armadas. No fim deste mês, no Rio, a empresa planeja usar uma grande feira de armamentos, a LAAD, para aumentar sua ofensiva sobre os potenciais clientes africanos, anunciou Gomes. (SL)