Título: Acordo com europeus é difícil, reitera Rodrigues
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2004, Brasil, p. A-3

O Ministério da Agricultura e o setor produtivo brasileiros esperam que o acordo União Européia-Mercosul seja concluído após a posse do novo comissário de comércio europeu, Peter Mandelson, em novembro. Hoje, governo e iniciativa privada discutem o assunto em reunião da Coalizão Empresarial. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, não descartou a possibilidade de que as partes cheguem a um acordo este mês, mas considera a possibilidade difícil. "A oferta da UE é um retrocesso em relação ao que havia sido discutido em Bruxelas. Da maneira como as ofertas estão colocadas agora, não há como aceitar e dar seqüência ao processo", reiterou o ministro, que se reuniu ontem com representantes do setor privado em São Paulo. Segundo ele, a intenção é manter as negociações com o bloco. "Uma relação mais aberta com a União Européia é essencial. Não queremos que a impossibilidade de data seja entendida como impossibilidade de acordo no futuro", afirmou Rodrigues. Eduardo Pereira de Carvalho, presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), disse, contudo, que a nova proposta européia é ruim porque o Mercosul piorou sua oferta. "Não há interesse dos dois lados em fechar acordo", afirmou. Cláudio Martins, diretor-executivo da Abef e Abipecs (entidades que reúnem exportadores de frangos e suínos, respectivamente), disse que nenhum dos blocos parece querer fechar o acordo nos moldes atuais. "A situação como está impossibilita o acordo dos dois lados". Segundo ele, o setor privado prefere prorrogar a negociação para novembro, após a posse de Mandelson. A nova proposta da UE reduziu o tamanho das cotas para o frango do Mercosul, de 245 mil toneladas para 75 mil. O bloco também exige que o Brasil retire da OMC o contencioso do frango salgado movido contra a UE e que elevou a tarifa européia para a entrada de cortes salgados de frango - o que o setor produtivo não está disposto a fazer, segundo Martins.