Título: EUA têm pressa na redução de tarifa industrial na OMC
Autor: Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2004, Brasil, p. A-3

Os Estados Unidos tentam dar um novo ritmo às negociações, na Organização Mundial de Comércio (OMC), para reduzir tarifas de importação de produtos industriais e de consumo, tema especialmente sensível para o Brasil. Além de uma fórmula ambiciosa de cortes tarifários, Washington quer dar um passo além, insistindo numa conversa para eliminar mais rapidamente as alíquotas em determinados setores industriais. Para driblar a oposição de países como o Brasil, que recusam que essa negociação setorial seja "obrigatória", os EUA acenam agora com o conceito de "massa crítica". Os países que representam um determinado percentual do comércio mundial - ainda não definido - de um produto, como exportador ou importador, aceitariam negociar a eliminação da tarifa para esse setor. A idéia americana, na prática, incentiva o setor privado a dar o impulso sobre quais áreas poderiam ter suas tarifas abolidas mais rapidamente Como o Brasil só tem 1% do comércio mundial, a rigor não seria afetado pelo critério de "massa crítica" na área industrial, segundo avaliações preliminares. Mas, na prática, a pressão para participar será enorme. Se o setor automotivo de boa parte do mundo decidir negociar o fim das alíquotas, é difícil imaginar o Brasil bloqueando essa iniciativa. Até agora, EUA e UE têm pressionado para negociar eliminação ou harmonização de tarifas em setores eletroeletrônicos, de peixes e produtos à base de peixe, calçados, artigos de couro, componentes e peças de veículos, pedras e metais preciosos, têxteis e vestuário. Ontem, Brasil e EUA ficaram de novo em campos opostos também quanto à definição da fórmula para cortar as tarifas industriais. Os EUA querem primeiro definir a fórmula e só depois discutir possíveis flexibilidades para países em desenvolvimento. Já o Brasil e os outros países em desenvolvimento acham que a fórmula não tem que levar em conta uma "reciprocidade total". Mas somente no ano que vem é que decisões começarão a ser tomadas.