Título: Frente tentará conter PT em Porto Alegre
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2004, Política, p. A-8

Maior dúvida ainda é sobre para quem irá o apoio do PMDB do governador Germano Rigotto

O quadro de alianças dos candidatos Raul Pont (PT) e José Fogaça (PPS) para o segundo turno em Porto Alegre deve ser definido até quinta-feira, mas já se desenha a formação de uma frente para tentar evitar a quinta administração petista consecutiva na cidade. A incógnita mais importante por enquanto é o PMDB, partido do governador Germano Rigotto, dividido entre o discurso oposicionista no município e a participação no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até agora, as pesquisas de intenção de voto para o dia 31 indicam uma vitória apertada de Pont, com três a 4,9 pontos de vantagem. Ontem, Fogaça afirmou que pretende "abrir" seu programa de governo para incorporar "pontos fundamentais" defendidos pelos partidos que eventualmente se aliem a ele. Embora o PPS não faça parte da base formal de sustentação do governo estadual, o candidato disse também que solicitaria uma audiência para pedir o apoio de Rigotto, mas até a noite de ontem não havia nenhum encontro agendado no Palácio Piratini. O candidato do PPS concorreu coligado com o PTB no primeiro turno e, até agora, tende a receber apoios do PDT, PP e PFL e PSDB, que disputaram juntos a primeira rodada, segundo declarações de líderes desses partidos ao longo do dia. Somados ao 28,34% do PPS/PTB, este bloco de partidos recebeu 52,46% dos votos válidos no primeiro turno. Com 37,62% dos votos na primeira rodada, Pont disse ontem que não existe tradição de transferência automática de votos no Brasil, mas admitiu que pretende conversar com o PMDB, "que tem ministros no governo federal", além do PSB, um aliado tradicional que nesta eleição concorreu sozinho. "Vamos discutir as propostas que eles trouxerem", adiantou o presidente municipal do PT, Valdir Bohn Gass. O candidato petista também pretende procurar os "movimentos sociais" para acessar as bases desses partidos e até do PDT e do PTB e garantir apoios independente das cúpulas. Juntos, o PSB, o PMDB e a Frente Popular (PT, PCdoB, PCB, PL, PSL, PMN e PTN) fizeram 46,55% dos 808,4 mil votos válidos em Porto Alegre no primeiro turno. O PSTU e o PCO, que não pretendem apoiar ninguém no segundo, fizeram 0,98%. Tanto Pont como Fogaça estão se preparando para os programas e debates eleitorais neste segundo turno, quando ambos terão o mesmo tempo de exposição. "A comparação de projetos fica mais fácil; antes era multifacetada, com várias candidaturas contrárias ao nosso governo e isso dificultava uma boa comparação", comentou o petista. O candidato do PPS adiantou que pretende seguir o mesmo discurso, garantindo a manutenção do que está "bem", como o orçamento participativo. Além de Porto Alegre, o PT também disputa o segundo turno nas outras duas cidades onde haverá novo confronto dia 31: Caxias do Sul e Pelotas, onde o partido busca a reeleição contra o PMDB e o PPS, respectivamente. No total, o PT já aumentou para 43 o número de prefeituras conquistadas este ano, ante o total de 32 em 2000, mas o número ainda pode chegar a 46, dependendo do segundo turno nas três cidades. O PT também manteve municípios importantes na região metropolitana, como Gravataí e Viamão, acrescentou São Leopoldo, mas não conseguiu retirar o PSDB da prefeitura de Canoas. Aliado dos petistas, o PL permaneceu com três prefeituras, enquanto o PSB subiu de sete para nove. O PPS passou de zero para três. O PT permaneceu como vice-campeão de votos totais no Estado, com 1,329 milhão, abaixo dos 1,353 milhão de 2000, atrás do PMDB, que subiu de 1,363 milhão para 1,454 milhão no período. O governador Germano Rigotto disse ontem estar "satisfeito" com o resultado das eleições no Estado. "Em 90% dos municípios os partidos que compõem o governo (PMDB, PP, PDT, PFL, PSDB, PTB e PHS) elegeram prefeitos", comentou.