Título: Petistas crescem na eleição para vereador
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2004, Política, p. A-9

PT aumenta número de cadeiras em 47% e partidos tradicionais como o PMDB e o PFL encolhem

PMDB, PSDB e PFL foram os partidos que maior número de vereadores elegeram nas eleições de domingo. Os três partidos viram suas bancadas nas Câmaras Municipais encolher, mas tiveram na eleição para vereador um desempenho melhor do que o alcançado na disputa principal. Segundo levantamento divulgado no fim da tarde de ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o PMDB elegeu 8.277 vereadores, os tucanos conquistaram 6.526 cadeiras e o PFL, 6.418. O PP elegeu 5.432 vereadores e o PTB conseguiu 4.188 cadeiras. O boletim do TSE indicou que o PT e outros três partidos da base de apoio do governo federal conseguiram aumentar sua influência nas Câmaras Municipais. O PT elegeu 3.655 vereadores, o PL do vice-presidente José Alencar conseguiu 3.806 cadeiras, o PPS ganhou 2.787 e o PSB obteve 1.812. Partidos mais tradicionais, como o PMDB e o PFL, perderam terreno por duas razões. A principal foi a redução do número de cadeiras de vereador em disputa nesta eleição, provocada pela mudança constitucional que reduziu o tamanho das Câmaras Municipais nas cidades menores. A outra razão foi o crescimento do PT e dos outros partidos governistas em muitos municípios. Em termos relativos, o PT foi o partido que mais cresceu nas eleições para vereador. O número de vereadores petistas eleitos neste ano é 47% maior que o produzido pelas eleições municipais de 2000. Mesmo assim, a política de alianças do partido prejudicou-o em várias cidades importantes. Em São Paulo, a bancada petista na Câmara Municipal foi reduzida de 18 para 13 cadeiras e a legenda se viu obrigada a dar lugar para candidatos do PTB, partido que apoiou a candidatura da prefeita Marta Suplicy (PT). O PTB viu sua bancada crescer de 4 para 7 vereadores na capital. Como os dois partidos estavam coligados na eleição para vereador, os votos recebidos pelos candidatos do PT e pela legenda do partido ajudaram a levar à Câmara candidatos do PTB que, embora tenham sido bem votados, teriam dificuldades para chegar à Câmara sem o empurrão do PT. O campeão da eleição para vereador em São Paulo foi o tucano José Aníbal, com 160.640 votos. A bancada do PSDB na Câmara cresceu de 8 para 13 cadeiras. Derrotado nas eleições de 2002, quando terminou em quarto lugar na eleição para o Senado, Aníbal é um caso típico de político reabilitado pelas eleições municipais deste ano. O caso mais ilustre está em Porto Alegre, onde o ex-deputado federal Ibsen Pinheiro (PMDB) foi o campeão de votos. Cassado em 1993 por causa do seu envolvimento com um esquema de corrupção que manipulava o Orçamento-Geral da União, Ibsen foi eleito agora com quase 23 mil votos. Apesar do aumento de 33 para 36 no número de integrantes da Câmara Municipal de Porto Alegre, o PT viu sua bancada ser reduzida de 10 para 8 cadeiras. Somados os candidatos dos outros partidos que apoiaram o PT na campanha, a coligação que sustenta o prefeito Raul Pont (PT) manteve as 12 cadeiras que já tem. Pont disputará o segundo turno com José Fogaça (PPS). O partido de Fogaça elegeu apenas dois vereadores no domingo. Em Curitiba, o PFL do atual prefeito, Cássio Taniguchi, continuará a ocupar o maior número de vagas na Câmara. Das 38 cadeiras, cinco serão ocupadas pelo partido. O número já foi maior. Nas eleições de 2000, havia 35 vagas e o PFL elegeu nove vereadores. O PT tinha seis vagas e ficou com três. Se a análise for feita por coligação, a encabeçada pelo PT conquistou 12 cadeiras. O vereador mais votado de Curitiba foi Ney Leprevost (PP), que conseguiu 18.582 votos. O menos votado foi Tico Kuzma, do PPS, que elegeu-se com 3.199 votos. Cinco mulheres foram eleitas vereadoras, duas a mais que em 2000: Julieta Reis (PFL), Roseli Isidoro (PT), Professora Josete (PT), Nely Almeida (PSDB) e Dona Lourdes de Santa Quitéria (PSB). Em Recife, o prefeito João Paulo (PT), reeleito no primeiro turno, terá uma maioria folgada na Câmara Municipal para governar. Sua coligação elegeu 22 dos 36 vereadores da cidade. "As perspectivas são boas nesse cenário", disse João Paulo. "Ainda mais quando se vê que vamos dar continuidade a todo um processo e não começar tudo do zero." O desempenho do PT na capital pernambucana foi bom também junto aos candidatos proporcionais. O partido conseguiu levar oito vereadores para aquela casa, sendo que dois deles foram os mais votados dentre todos os eleitos. A bancada que mais sofreu nestas eleições foi a do PTB, que perdeu quatro vagas. O PPS, que chegou a presidir a Câmara nos últimos dois anos, não terá nenhum representante nos próximos quatro anos. O PDT, que tinha apenas um assento, também ficou fora. No quadro atual de composição da Câmara o PT aparece com 8 cadeiras; PTB (4); PMDB (4); PMN (3); PP (3), PSB (2); PL (2); PV (2); PFL (2); PSDC (2); PSDB (1); PCdoB (1), PSL (1); PAN (1). A renovação alcançou 39% das vagas. Em Florianópolis, a composição da Câmara de Vereadores não mudou muito, sendo mantida a maioria de eleitos dos partidos alinhados à atual administração, PP e PFL. Juntos, os dois partidos elegeram sete vereadores, número menor do que o do pleito de 2000, mas que ainda os mantêm com a maior composição. Na eleição passada, os dois juntos elegeram 10 candidatos. Os dois partidos conhecidos pelas lideranças de Jorge Bornhausen e Esperidião Amin estão unidos na eleição para prefeito, na chapa de Francisco de Assis (PP), que vai enfrentar Dário Berger, PSDB, no segundo turno.