Título: PT e PSDB unem-se para derrotar Íris Rezende em Goiânia
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2004, Política, p. A-12

PT e PSDB devem se unir em Goiânia para tentar derrotar o cacique pemedebista Íris Rezende, que se credenciou para o segundo turno com 47,47% dos votos válidos. O governador tucano Marconi Perillo deve oficializar o apoio ao prefeito petista Pedro Wilson, candidato à reeleição, ainda nesta semana. "Esse tipo de apoio pode ser considerado natural, mas vamos primeiro ouvir nossa base", disse Perillo. O deputado federal e radialista Sandes Junior, candidato do governador, saiu derrotado das urnas com 18,73% dos votos válidos, e seguirá o que decidir Marconi. Os outros 5 candidatos que concorriam à Prefeitura ainda discutem o caminho que tomarão, mas a tendência é que seja formada uma frente anti-Íris. Pedro Wilson sabe do desafio que terá pela frente. O prefeito recebeu o voto de 145 mil dos 631 mil eleitores (23,03%), metade dos votos de Íris (299 mil). Para verificar o que isso representa, basta calcular que, para conseguir a reeleição, o petista precisará teoricamente de todos os votos recebidos por Sandes Junior e por Darci Accorsi, ex-prefeito de Goiânia e ex-petista que ficou em quarto lugar. "O apoio do governador será fundamental para nós e decisivo neste segundo turno", admitiu Pedro Wilson. Perillo comemorou o fato de haver segundo turno, mesmo com a derrota do seu candidato. O governador temia uma vitória no primeiro turno de Íris - um adversário que ele já imaginava fora de cena depois das eleições de 1998 e 2002, quando o PMDB perdeu as eleições para o PSDB, e ressurgiu forte agora. Na avaliação do governador, Sandes Junior errou ao não divulgar as ações realizadas pelo governo do Estado. Agora, Pedro Wilson capitalizará o trabalho de parceria que pode continuar a ser feito com o Palácio das Esmeraldas (sede do governo estadual) e com o Palácio do Planalto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os ministros Antonio Palocci (Fazenda) e José Dirceu (Casa Civil) telefonaram ainda no domingo para parabenizar o prefeito e prometeram gravar novos depoimentos de apoio. "Goiânia isolada pode perder investimentos, em parceria administrativa isso não ocorre", ressaltou Pedro Wilson. PT e PSDB chegaram a discutir uma aliança ainda no primeiro turno em Goiânia. Íris Rezende já se prepara para a forte polarização, mas avalia que o segundo turno pode até ser mais "confortável". "Uma frente anti-Íris maior do que eu enfrentei no primeiro turno não é possível. Antes, eu tinha de enfrentar sete candidatos, agora será apenas um", salientou o pemedebista. "No primeiro turno, todo poderio das administrações municipal, estadual e federal foi atirado contra mim. Mas o povo deu uma demonstração de independência política." Nesta segunda fase, Íris vai continuar batendo na tecla de asfaltar todas as ruas de terra de Goiânia até o fim do mandato e resolver o problema do transporte coletivo em seis meses. Mas, se eleito, o pemedebista poderá ter problemas pela frente na Câmara Municipal, que se renovou nesta eleição. Dos 34 eleitos, apenas 14 eram candidatos à reeleição e somente três da coligação que elegeu Íris. A coligação do PSDB foi a maior vitoriosa (11 vereadores), seguida pela do PT (seis vereadores).