Título: Alckmin fica mais forte em São Paulo
Autor: César Felício De São Paulo
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2004, Especial, p. A-16

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) terminou o primeiro turno das eleições municipais em São Paulo com vantagem no balanço das principais cidades paulistas. No Palácio dos Bandeirantes, a avaliação é que este cenário não se altera mesmo que a prefeita Marta Suplicy (PT) reverta a dianteira do tucano José Serra na capital do Estado e ganhe a eleição. A euforia deve-se mais ao mau resultado petista do que à alta votação dos tucanos. "O PT já foi expurgado de três municípios onde governa entre as dezenove com mais de 200 mil eleitores. Nós ainda não perdemos nenhum", disse o secretário da Casa Civil, Arnaldo Madeira, referindo-se a Piracicaba, Ribeirão Preto e Campinas, onde o PSDB disputará o segundo turno contra PPS, PMDB e PDT. O PT governa outras quatro cidades em que enfrentará tucanos ou aliados do governador na segunda rodada. Em uma quinta, Guarulhos, o prefeito Elói Pietá reelegeu-se no primeiro turno. O partido do governador corre risco de perder duas cidades onde governa, no segundo turno: Sorocaba e Osasco. Nos outros quatro municípios tucanos neste grupo, o PSDB venceu ainda no primeiro turno. O secretário procura caracterizar esse resultado como produto das deficiências do adversário. "Está patente em São Paulo a dificuldade dos prefeitos petistas em se reeleger e a facilidade dos tucanos aqui em fazer o mesmo", afirmou. No entanto, a participação de Alckmin na campanha foi ampla, geral e irrestrita. Em praticamente todas as cidades de algum porte no Estado, foram espalhados outdoors do governador e do candidato a prefeito lado a lado. Segundo as pesquisas do instituto Datafolha, desde outubro de 2002 os índices bom e ótimo na avaliação sobre o governador estão acima de 50%. Com a atenção do eleitorado voltada para os problemas das administrações municipais e as dificuldades do governo federal em seu início, Alckmin vem recebendo pouca pressão da opinião pública. Nos 25 municípios entre 100 mil e 200 mil eleitores, as posições se mantiveram entre os partidos que polarizam a política no Estado. Ambos cresceram, da mesma forma: cada um elegeu cinco prefeitos em 2000 e seis na eleição de anteontem. Na capital, o resultado favorável a Serra no primeiro turno surpreendeu e é valorizado por si só, independentemente do sucesso ou não do tucano no dia 31. "Esta posição nossa na capital é um marco em nossa história. Pela primeira vez, o PSDB foi o mais votado em uma eleição local no maior município do país", disse Madeira. O efeito da eleição municipal na disputa de 2006 ainda é de difícil previsão, de acordo com o coordenador político do governador. O bom resultado do PT em 2000 colaborou para que o candidato do partido, José Genoino, chegasse ao segundo turno da eleição para governador dois anos depois. Mas o fato da campanha de Genoino ter se atrelado à campanha vitoriosa de Lula para presidente contou mais. "A estrutura de prefeituras faz a diferença em cenários de disputa estadual muito apertada. Nos outros casos, pesa muito mais o fato de a eleição ser casada com a sucessão presidencial", afirmou Madeira. (CF)