Título: Disputa deflagra sucessão nos Estados
Autor: César Felício De São Paulo
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2004, Especial, p. A-16

Governadores da maior parte do país perderam a disputa nas capitais e nas principais cidades Os governadores da maior parte do país perderam a disputa nas capitais e nas principais cidades de onde governam. O resultado já deflagrou o processo sucessório estadual no Rio de Janeiro e em Pernambuco. No primeiro, governado por Rosinha Garotinho (PMDB), o prefeito da capital, Cesar Maia (PFL), reeleito no primeiro turno, já projeta uma aliança com o PT para a eleição local dentro de dois anos. Os petistas foram para o segundo turno em primeiro lugar em Nova Iguaçu e Niterói. Em São Gonçalo, a pefelista Aparecida Panisset também ganhou a eleição ainda no primeiro turno. Com a nova vitória na capital pernambucana, o PT se firma como a principal força da oposição ao governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) que comanda uma aliança estadual desde o seu primeiro mandato. Já antecipando a movimentação entre os partidos de sua base aliada e a possibilidade de crises em função da sucessão estadual em 2006, o governador chegou a pedir, ainda no domingo, que a aliança permanecesse unida para impedir o crescimento do PT no Estado. Em Goiás, o governador Marconi Perillo (PSDB) procurou não se envolver em uma disputa eleitoral na capital que sabia não ser favorável para o seu partido. Acabou decidindo apoiar Sandes Junior (PP), que ficou fora do segundo turno. Disputarão a prefeitura da capital Íris Rezende (PMDB) e Pedro Wilson (PT). A força política que ganhar se credenciará como adversária dos tucanos na disputa pelo governo estadual em 2006. O resultado na capital também foi negativo para o governador do Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), que também viu o seu candidato à prefeitura da capital de fora da rodada decisiva. Irão disputar o controle de Cuiabá o tucano Wilson Santos e o petista Alexandre César. No Mato Grosso do Sul e no Piauí, os governadores petistas Zeca do PT e Wellington Dias tiveram o mesmo destino. Em Tocantins, o poderoso grupo do ex-governador Siqueira Campos (PL), do qual o governador Marcelo Miranda (PSDB) é integrante, assistiu à vitória do petista Raul Filho na capital do Estado, Palmas. Apesar do resultado adverso na maioria dos locais, o resultado municipal não necessariamente irá se refletir dentro de dois anos. Isto porque em muitos Estados, como é o caso de Tocantins, e Goiás, a importância dos pequenos municípios é maior que a dos grandes. Na capital goiana, a última vez em que foi eleito um prefeito afinado com o governador foi em 1988. A derrota do governador mineiro Aécio Neves (PSDB) em Belo Horizonte, ameaçado ainda de perder na disputa do segundo turno em Juiz de Fora, Montes Claros e Uberlândia, tampouco é decisiva na correlação de forças mineira. O Estado, que concentra o maior número de municípios no país, conta com poucas cidades grandes. Apenas 14 municípios possuem mais de 100 mil eleitores. Destes, o PSDB ganhou em dois: Betim e Governador Valadares. Na Bahia, o bom resultado do carlismo no interior e a circunstância do governador Paulo Souto (PFL) poder se reeleger em 2006 atenuam o efeito da provável derrota em Salvador no segundo turno e das vitórias do PT em Ilhéus, Camaçari e Lauro de Freitas. Dos dirigentes do PFL baiano, quem está mais fragilizado é César Borges. Além de um difícil segundo turno na capital, seu irmão, que concorreu em Jequié, ficou em último lugar. (Colaborou Paulo Emílio, do Recife)