Título: Cenário pode mudar em dois anos
Autor: Leila Coimbra
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2004, Empresas - Infra Estrutura, p. B-6

O argumento da Rio Grande Energia para reter os consumidores com potencial para entrar no mercado livre é que, no longo prazo, os chamados clientes cativos pagarão menos pelo fornecimento. Segundo o diretor presidente da empresa, Sidney Simonaggio, quando acabarem as "sobras" de energia no país, o que ele estima para um prazo de dois anos, a distribuidora terá preços mais atraentes porque vai operar com um mix de energia velha, "mais barata", e nova, que carrega o custo marginal de expansão de geração. "Pelo novo modelo, a energia velha tem de ser esgotada nas distribuidoras, enquanto para o mercado livre só sobra a energia nova", explica. De acordo com ele, a RGE mantém uma relação "sincera" com os grandes consumidores, que são atendidos por equipes especializadas. Simonaggio não especificou quantos dos 1,06 milhão de clientes da sua área de concessão têm consumo superior a 3 MW e, portanto, podem comprar energia no mercado livre. Da energia total fornecida pela empresa, 53% ficam com os consumidores comerciais e industriais. A Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) tem cerca de 20 grandes clientes mas já perdeu cinco deles, tanto industriais como comerciais, que passaram a comprar diretamente de outras geradoras e utiliza as redes da estatal para receber a energia. A empresa ainda é verticalizada - opera com geração, transmissão e distribuição - e está trabalhando para melhorar o atendimento aos consumidores de grande porte, explica a chefe da divisão comercial, Helena Leão. Segundo ela, a forte regulamentação do setor elétrico oferece uma liberdade tarifária muito pequena e o desafio da empresa é se antecipar às necessidades dos clientes e criar diferenciais que facilitem o acesso dos grandes consumidores a determinadas informações, comenta. A área de distribuição da CEEE tem 1,3 milhão de clientes em 72 municípios gaúchos, incluindo Porto Alegre e as regiões sul e litoral do Estado. A superintendência comercial da Copel possui uma área para atendimento a grandes clientes há mais de dois anos. Segundo a empresa, ela não foi criada apenas para impedir que os maiores consumidores migrassem, mas para oferecer assessoria e ajudá-los a economizar energia. A empresa atende mais de 20 consumidores livres, alguns fora do Paraná. No primeiro semestre a Copel divulgou queda de 1% na receita da área industrial. De acordo com a empresa, isso é explicado pela perda de duas grandes clientes, as fabricantes de papel Pisa e Inpacel. (Colaborou Marli Lima, de Curitiba)