Título: Gás natural terá impacto de US$ 4,5 bi no PIB
Autor: Cláudia Schüffner
Fonte: Valor Econômico, 05/10/2004, Empresas - Indústria, p. B-6
Os investimentos para inserir o gás natural na matriz energética brasileira trarão impacto de US$ 4,5 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) até 2015, gerando mais de 200 mil empregos. O cálculo, feito pela área de gás e energia da Petrobras, leva em conta não apenas os investimentos de US$ 3,9 bilhões programados pela estatal em seu plano estratégico até 2010, como também os investimentos que eles vão exigir da indústria de equipamentos, como tubos e compressores, entre outros, que serão encomendados pela estatal, setor privado e pelas distribuidoras de gás, tanto públicas quanto privadas. A diretoria da Petrobras aprovou na quinta-feira o plano de investimentos de US$ 2,85 bilhões para a construção do Gasoduto Sudeste Nordeste (Gasene) e para os gasodutos das malhas Nordeste e Sudeste, sem contar os US$ 85 milhões destinados ao gasoduto Cabiúnas-Vitória, o que eleva a cifra para US$ 2,93 bilhões. Os números foram apresentados ontem pelo diretor da área de gás e energia da Petrobras, Ildo Sauer, em uma conferência na Rio Oil & Gás 2004, cujo tema é "Gás Natural: A Energia do Século XXI". O executivo da Petrobras ressaltou o atual estágio incipiente da indústria, que carece de investimentos em transporte e infra-estrutura e que enfrenta barreiras de capilaridade da rede de distribuição, à exceção do Rio e de São Paulo, alto custo de conversão, falta de caixa e limite dos investimentos das estatais. "É preciso incrementar a capacidade de investimento do setor de distribuição e criar instrumentos criativos para possibilitar o aumento da oferta de gás", disse. Ontem, a secretária de Petróleo e Gás do Ministério das Minas e Energia, Maria das Graças Foster, salientou que o consumo de gás natural atingiu 38,5 milhões de m3 por dia em agosto, dos quais cerca de 9 milhões de m3 foram destinados à geração de energia elétrica. Já a ministra Dilma Rousseff, previu que o consumo chegará a 50 milhões de m3 até 2007 e 117 milhões até 2010. Assim com Sauer e o presidente da Associação Brasileira das Distribuidoras de Gás (Abegás), Romero de Oliveira e Silva, o presidente da BG no Brasil, Luiz Costamilan, ressaltou a importância da regulamentação do gás, que hoje é apenas citado na Lei do Petróleo (Lei 9.478). Em sua palestra, Costamilan disse que, para a consolidação do segmento de gás natural no país, é preciso resolver alguns fatores considerados críticos e que, segundo ele, devem ser a base da discussão de uma política de gás. Entre os principais, ressaltou a necessidade do marco regulatório, desenvolvimento da demanda e de novos mercados (não apenas locais), e uma integração regional que permita aos países detentores das maiores reservas na região - Bolívia, Argentina e Brasil -, partilharem os benefícios comerciais. O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás está prepara um projeto com propostas para a regulamentação que será entregue ao governo em até dois meses. O presidente do IBP, João Carlos de Luca, previu que a indústria do petróleo vai investir de US$ 8 bilhões a US$ 9 bilhões por ano no Brasil nos próximos anos, três vezes acima do aportado nos anos 90. Ontem , a Petrobras anunciou nova descoberta de petróleo em terra em um bloco explorado junto com a Partex, de Portugal, no Rio Grande do Norte. (Com agência O Globo)