Título: Embarques sobem 101% em São Francisco do Sul
Autor: Marli Lima e Cibelle Bouças
Fonte: Valor Econômico, 14/04/2005, Agronegócios, p. B12

Principal porto graneleiro de Santa Catarina, São Francisco do Sul registrou forte alta nos embarques de soja de janeiro a março. Foram 309,9 mil toneladas de grãos, 101% mais que em igual período de 2004. As exportações de óleo de soja, que cresceram 39% na mesma comparação e alcançaram 51,3 mil toneladas, também foram recordes para um primeiro trimestre. Fernando Rothbarth, supervisor do terminal graneleiro da Cidasc, entidade ligada à Secretaria de Agricultura de Santa Catarina, admite que esses aumentos refletem, em parte, o desvio de cargas inicialmente programadas para Paranaguá em razão dos problemas com soja transgênica no porto paranaense. Mas ele destaca que a infra-estrutura de São Francisco do Sul tem melhorado nos últimos anos. Segundo Rothbarth, como no porto catarinense é possível separar a soja transgênica da convencional - ao contrário do que acontece em Paranaguá, segundo sua administração - e não há fiscalização rigorosa do governo estadual em relação aos controversos organismos geneticamente modificados (OGMs), São Francisco tornou-se uma alternativa viável. Bom para os terminais privados, mesmo aqueles não voltados apenas para a soja. O Terlogs, um dos maiores do porto, viu sua movimentação crescer 50% em março em relação ao mesmo mês de 2004. No caso do terminal da Fertimport, o incremento foi de 45%. O presidente da Terlogs, Augusto Pires, concorda que o terminal catarinense está sendo beneficiado pelo fluxo que antes escoava por Paranaguá. "Em São Francisco do Sul é possível fazer a separação dos grãos, e isso acontece de acordo com o pedido do cliente". De acordo com ele, os embarques para a Europa são de grãos convencionais, enquanto para o Japão não há restrição aos transgênicos. A separação, explica, acontece em esteiras de escoamento. A carga vem discriminada como transgênica ou não, e esteiras diferentes mantêm os grãos segregados. José Antonio Emilio, gerente da Fertimport (controlada pela Bunge) em São Francisco do Sul, ressalta, porém, que a eficiente estrutura do porto é mais importante do que o impasse dos transgênicos em Paranaguá. Investimentos finalizados em março permitiram elevar o ritmo médio de carregamento de 8 mil para 25 mil toneladas por dia, o que atraiu outros exportadores pela redução de até três dias das estadias em filas de espera para atracação. Mas o executivo defende o fim de restrições como a do porto paranaense.