Título: Selic em alta faz subir os juros de automóveis
Autor: Janes Rocha
Fonte: Valor Econômico, 14/04/2005, Finanças, p. C2

A alta da taxa básica de juros, a Selic - que vem subindo desde setembro de 2004 - influenciou uma ligeira elevação nos juros do financiamento de automóveis em março, que passaram de 36,2% ao ano em fevereiro para 36,6%. Mas não chegou a afetar a taxa de juros do crédito pessoal, que caiu de 75,3% ao ano em fevereiro para 74,4% em março, bem como a do Crédito Direto ao Consumidor (CDC), que baixou 63,7% para 62,4% ao ano. Os dados são de um levantamento mensal feito pela Partner Consultoria, empresa especializada em análise do CDC, e foram compilados a partir dos números fornecidos diariamente pelos bancos ao Banco Central. Já uma pesquisa feita pela Fundação Procon São Paulo, nas agências dos dez maiores bancos brasileiros e estrangeiros na capital paulista, revelou um aumento das taxas em quatro deles para o empréstimo pessoal e em três deles para o cheque especial. Segundo o Procon, nas linhas de empréstimo pessoal a taxa média dos bancos pesquisados foi de 5,37% ao mês, com 0,03 ponto percentual de elevação em comparação aos 5,34% verificados no levantamento de março. Nenhuma instituição pesquisada reduziu suas taxas e os bancos Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Bradesco foram os que mais elevaram os juros, tanto para o empréstimo pessoal quanto para o cheque especial. A taxa média do cheque especial dos bancos pesquisados pelo Procon foi de 8,24% ao mês, superior em 0,05 ponto percentual à média do mês anterior, de 8,19% (veja as taxas por banco no quadro ao lado). A equipe do Procon pesquisou, entre os dias 4 e 5 de abril, nas agências dos bancos HSBC, Banespa, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Santander, Nossa Caixa, Real e Unibanco. Para o Procon, a pesquisa revela uma "continuação da tendência de alta nas taxas de juros". Para Rafael Durer, consultor financeiro da Partner, as taxas de juros no balcão das agências - universo pesquisado pelo Procon - podem de fato estar refletindo alguma influência da alta da Selic, mas mostram apenas uma parte do mercado. "As taxas informadas no balcão das agências não incluem o crédito consignado", comentou Durer, referindo-se aos empréstimos com desconto em folha, modalidade que vem crescendo fortemente entre as linhas de financiamento a pessoas físicas nos bancos e financeiras. Disputado pelos bancos, o crédito consignado tem taxas menores que as linhas de crédito pessoal tradicionais, mas os spreads ainda são bastante elevados, o que permite aos bancos absorver a alta da Selic sem mexer nos juros dos empréstimos, explica o consultor. Já no financiamento de veículos, em que os spreads são mais baixos, o impacto da alta dos juros básicos é mais significativo.