Título: Presidente do Senado cobra explicações de Jucá
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 18/04/2005, Política, p. A10

Enquanto mantêm o governo sob pressão ao colocar em pauta a limitação de medidas provisórias, Renan Calheiros diminui o nível de tensão entre o PMDB e o Planalto em relação às denúncias envolvendo o ministro da Previdência, Romero Jucá. Ontem, ao comentar as acusações contra o ministro, Calheiros não assumiu sua defesa de maneira incondicional. "Eu continuo o defendendo, desde que ele dê as respostas que a sociedade têm cobrado", disse. Hoje, Jucá entrega na Procuradoria Geral da República sua defesa em relação às acusações de fraude para obtenção de um financiamento no Basa. Neste final de semana, novas denúncias foram publicadas contra o ministro, pelo jornal "Folha de S.Paulo" e pela revista "Época" . São lançadas suspeitas de desvio de verba pública e ocultação do patrimônio. Cresce dentro do PMDB a percepção que a permanência de Jucá no ministério é cada vez mais difícil. Mais que o volume e a atualidade das denúncias, a avaliação de pemedebistas é que o elemento que compromete Jucá teria sido sua inabilidade ao se defender. Apesar desta sensação, o partido não fará qualquer gesto para que o ministro seja substituído. Também no Planalto não há movimentos para sua substituição imediata. Neste sábado, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, disse que Jucá continua merecendo a confiança do presidente. O desengajamento da defesa de Jucá não é o único gesto recente de Calheiros que torna menor a tensão com o governo. Amanhã, o pemedebista deverá rejeitar o pedido do procurador geral da República, Claudio Fonteles, para que seja enviado para o órgão toda a base de dados recolhida pela CPI do Banestado. Dividida pela disputa entre o PSDB e o PT, a CPI terminou seus trabalhos sem votar um relatório final, o que motivou Fonteles a pedir o envio de todos os dados coletados. O pedido será recusado, sob o argumento que envolve informações oriundas da quebra de sigilos financeiro, telefônico e fiscal. Caso recebesse os dados, o Ministério Público concentraria um imenso poder em suas mãos. Durante as investigações, foram quebrados cerca de 1,7 mil sigilos bancários e analisadas 1,6 milhão de operações financeiras . Com esta esperada decisão do pemedebista, as investigações da CPI do Banestado ficam definitivamente sepultadas.(C.F)