Título: Negociação em Minas tenta abrir vaga para José Alencar
Autor: Ivana Moreira, Paulo Emílio, Janaina Vilella e Pat
Fonte: Valor Econômico, 18/04/2005, Política, p. A14

A negociação com o PMDB em Minas passa pela necessidade de garantir um lugar para o vice-presidente José Alencar (PL). "O acordo vai começar por Minas porque afeta a composição da chapa nacional", disse o deputado federal Devanir Ribeiro (PT-SP), integrante da comissão do campo majoritário que vai negociar as alianças em todo o país. A definição do diretório estadual só deverá ocorrer depois que o ex-presidente Itamar Franco decidir sobre ficar ou não na legenda. Atual embaixador do Brasil na Itália, Itamar promete uma decisão para maio. O ex-presidente e ex-governador de Minas quer disputar o Senado e poderá fazer isso pelo PMDB ou pelo PT, onde foi convidado a filiar-se. Permanecendo no PMDB, Itamar facilitará a articulação. Neste cenário, os pemedebistas apoiariam a candidatura do ex-pemedebista José Alencar ao governo do Estado, tendo um vice do PT na chapa. O nome mais cotado no momento é do ministro Nilmário Miranda. Itamar seria o candidato ao Senado pela coligação. Mas há quem aposte que, nesta composição, ele seria também um bom nome para candidato a vice-presidente. "Ele (Itamar) vai ser o interlocutor para definir o rumo do PMDB", afirma o deputado estadual Sávio Souza Cruz. O deputado fez parte da comitiva de pemedebistas que esteve em Roma no início do mês com a missão de convencer o embaixador a não deixar a legenda. Os pemedebistas deram carta branca para Itamar disputar o cargo que quiser pelo partido, incluindo o governo do Estado. Um dia depois de dispensar os deputados mineiros sem assumir compromissos, Itamar teve encontro com o governador tucano Aécio Neves. Ambos estiveram juntos na disputa de 2002. Em Pernambuco, as especulações em torno de uma aproximação entre os dois partidos no Estado ganharam força com a visita do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, ao governador no mês passado. A versão corrente é que Jarbas teria sido procurado para discutir uma possível aliança com o PT tendo o prefeito do Recife, João Paulo (PT) na cabeça de chapa e Jarbas como candidato ao Senado. "Um entendimento com o PT só se for para ele nos apoiar e não o contrário", afirma o presidente do PMDB estadual, Dorany Sampaio. Entre o PT e seus aliados a situação também é confusa. O candidato natural do PT seria o atual ministro da Saúde, Humberto Costa. O prefeito nega candidatura. "O que temos é uma parceria administrativa e nada mais", declarou em várias ocasiões. O ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos (PSB), também não acredita que o PT faça algum tipo de coligação com o PMDB: "Aglutinar as forças de esquerda, de oposição, no Estado não é uma tarefa fácil. Mas uma aliança em nível estadual entre dois partidos tão opostos é mais difícil ainda". Um alto integrante do PSB avalia que a aproximação entre as duas forças políticas tem como pano de fundo a obtenção de vantagens. "João Paulo quer deixar Humberto Costa dependente de sua posição. Para Jarbas uma aproximação com o PT é interessante, uma vez que o Estado precisa de recursos", avalia. No Rio, o diretório regional não abre mão de lançar candidato próprio no primeiro turno das eleições para governador do Estado, em 2006, independentemente de uma aliança entre os petistas e o PMDB, em nível nacional. Um nome que vem ganhando força entre os representantes fluminenses da legenda e até já chegou a ser cogitado pela direção nacional do PT é o de Wladimir Palmeira. José Dirceu, em suas visitas ao Rio, tem-se encontrado com Palmeira para discutir uma possível candidatura. Na Bahia, tanto PT quanto PMDB se mostram dispostos ao diálogo para uma eventual aliança nas próximas eleições, mas os dois lados salientam que as tratativas ainda estão em fase bastante preliminar. O virtual candidato do PT ao governo baiano permanece sendo o ministro Jaques Wagner, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Wagner foi derrotado pelo pefelista Paulo Souto em 2002. "Não temos hoje a força que já tivemos, mas vamos trabalhar para retomar o espaço", diz Geddel Vieira Lima, principal interlocutor do PMDB baiano com o Planalto.