Título: Uruguaio espera apoio do parceiro
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 18/04/2005, Especial, p. A18

"Agora sou o único candidato da América Latina. Ficarei encantado com o apoio do Brasil, porque pode impulsionar a candidatura da região". Foi o que declarou o candidato do Uruguai, Carlos Perez del Castillo em conversa com o Valor. Ao mesmo tempo, parte de seus partidários não esconde a situação difícil em que ele se encontra, como terceiro colocado na primeira rodada. "Celso Amorim não perdeu (com a derrota de Seixas), ele está ganhando", disse um embaixador partidário de Castillo. Na semana passada, o Brasil só votou por seu próprio candidato. Não apontou segunda preferência, por considerar que não seria correto porque teria feito uma espécie de "voto negativo" para prejudicar alguma candidatura. Além disso, o Brasil não vetou candidato. Amina Mohamed, presidente do comitê de seleção, disse que o francês Pascal Lamy foi o único o alvo de clara manifestação de "preocupação". Segundo ela, um "pequeno numero" de governos duvida da sua capacidade para a função, incluindo os da América Latina, irritados com as propostas de Lamy de "rodada gratuita" que excluiria países ACP (África, Caribe e Pacifico) da liberalização. O Itamaraty avalia se o Brasil deveria se abster nas próximas consultas. O argumento é de que isso deveria ocorrer até pela lógica, porque o país denuncia o processo como "não transparente". Na verdade, essa opção pode afetar ainda mais a reputação brasileira, dizem outros analistas. Votar em Cuttaree, o candidato dos ACP, deixa o país sob risco de segunda derrota. Assim, para alguns analistas, facilitar a eleição do representante da União Européia (UE) contra um membro do Mercosul é uma tremenda ironia, insistem os partidários do "anti-ressentimento". (AM)