Título: Pressão para Argentina reabrir troca
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 18/04/2005, Finanças, p. C8

O ministro da Economia argentino, Roberto Lavagna, continua em Washington hoje, após o fim da reunião de primavera do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Passa o dia em reuniões com o diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, Anoop Singh, e terá um encontro com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Snow. Foi nítido durante o fim de semana o aumento da pressão para que a Argentina reabra a oferta aos credores que ficaram de fora da primeira rodada. O diretor-gerente do FMI, Rodrigo Rato, disse ontem, após o fim da reunião, que a Argentina deve desenhar uma estratégia realista em relação à parte da dívida que ainda não foi reestruturada". Até agora, Rato vinha dizendo que o país precisava de uma estratégia realista para o endividamento como um todo, levando em consideração a parte ainda não reestruturada. Pela primeira vez o G-7 foi mais duro em seu comunicado, afirmando que a Argentina precisa lidar com os credores que não aceitaram a troca. Do total da reestruturação, cerca de 23% não aceitaram a oferta do governo, o que representa cerca de US$ 20 bilhões em credores concentrados principalmente no varejo europeu. O Brasil, durante a reunião do Comitê Financeiro e Monetário Internacional, no sábado, tentou relativizar o texto, incluindo uma frase de reconhecimento ao total de adesões conseguido até agora. O ministro Lavagna, que passou o fim de semana tentando esconder-se da imprensa internacional, divulgou uma nota à imprensa no sábado à noite afirmando que o país não reabrirá a oferta de troca da dívida. Foi ficando claro, pelas menções à "política de empréstimos para países em atraso com suas obrigações", que não haverá mais empréstimos à Argentina se não houver novas discussões com os credores que não aceitaram a oferta. Segundo o estatuto do FMI, países que estão em atraso com credores só podem voltar a receber dinheiro se fizerem negociações "de boa-fé". Alemanha, Japão e Itália afirmam que a Argentina não negociou em boa-fé. Até agora, os EUA vinham apoiando o país, mas aparentemente cederam à pressão de outros membros do G-7 no último comunicado. A revisão do acordo da Argentina foi interrompida no ano passado até que se completasse a negociação com os credores. (TB)