Título: Resultado eleitoral reforça atrelamento do PFL ao PSDB
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 06/10/2004, Política, p. A-7

A direção nacional do PFL espera que o prefeito do Rio de Janeiro César Maia , o único pefelista eleito prefeito de uma capital no primeiro turno, seja o ponto de partida para o relançamento da coligação tucano-pefelista na eleição presidencial de 2006. O projeto ganha escala principalmente se José Serra for eleito prefeito de São Paulo este mês. O tucano tem um pefelista, Gilberto Kassab, como vice. "Simplesmente o PSDB terá em suas mãos a maior prefeitura do País e o PFL, a segunda maior. Isto joga perspectiva para o futuro e atenua o resultado ruim que tivemos no Brasil como um todo", afirmou o deputado Vilmar Rocha (GO), membro da Executiva Nacional. Para o ex-deputado Saulo Queiroz, outro integrante da cúpula pefelista, a complementaridade entre PSDB e PFL "é óbvia". "César Maia já declarou que prevê uma aliança para 2006 com o PFL na vice. Sinalizou com a declaração que não pretende ser candidato à Presidência. Se fizermos a aliança, não há hipótese do PSDB não ser a cabeça de chapa e César Maia ficou em uma posição muito forte para ser um grande eleitor desta chapa", disse Queiroz. De acordo com o ex-deputado, o desempenho ruim do PFL, com queda de 1.026 prefeituras em 2000 para 789 este ano era "absolutamente previsível". "Em 2000, tínhamos 101 deputados federais, a perspectiva de termos Roseana Sarney como nossa candidata a presidente e 2,2 mil candidatos a prefeitos. Entramos nesta eleição na oposição, com 63 deputados e 1,7 mil candidatos. Proporcionalmente, até elegemos mais prefeitos que o PSDB, o PMDB e o próprio PT", afirmou Queiroz. A queda mais acentuada do PFL este ano ocorreu no Paraná, onde o partido encolheu de 78 para 25 prefeituras. Mas houve redução no Maranhão, de 68 para 54. O partido cresceu, entretanto, na Bahia, onde passou de 125 prefeituras para 155, principalmente em razão da estratégia do principal líder local, o senador Antonio Carlos Magalhães, em concentrar seus candidatos no partido, depois de perder o controle de outras siglas que costumava usar como sublegendas pefelistas, como o PTB, o PMDB e o PV. O sucesso de ACM não compensa a provável derrota do carlismo em Salvador e muito menos é festejado dentro da cúpula pefelista. A avaliação dos dirigentes pefelistas é que a saída de ACM da legenda é provável, embora não seja certa. Virtualmente rompido com o senador baiano, o presidente da legenda, Jorge Bornhausen (SC), não deve tentar impedi-lo de retirar-se e levar consigo boa parte da representação parlamentar e de prefeitos filiados ao partido. Permanecendo no PFL e não conseguindo influir no partido para retirá-lo da linha oposicionista, ACM perde força política para atuar como protagonista na sucessão presidencial de 2006 e no jogo parlamentar. Mas a decisão de abandonar o PFL não está tomada, segundo avaliação da cúpula pefelista, porque ACM não pretende correr o risco de dividir o seu grupo no Estado. O senador só sairia do partido se tiver a certeza de que contará com a adesão do governador do Estado, Paulo Souto e do prefeito de Salvador em fim de mandato, Antonio Imbassahy. (CF)