Título: Minas passa SP em número de prefeituras petistas
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 06/10/2004, Política, p. A-7

São Paulo elegeu 53 prefeitos petistas, 33 a menos do que MG Pela primeira vez em sua história, o PT desloca a sua principal base municipal de São Paulo para Minas Gerais, Estado onde o partido venceu em Belo Horizonte no primeiro turno e ganhou a eleição em outras 85 cidades. No total, Minas fica responsável por 21,5% dos 400 prefeitos já eleitos pelo partido. Os petistas ainda disputam o segundo turno em 24 cidades, mas o resultado não irá alterar o quadro. Em São Paulo, o partido elegeu 53 prefeitos. No Rio Grande do Sul foram eleitos 43. Com o resultado deste ano, rompeu-se o equilíbrio estabelecido entre os três Estados na eleição de 2000. Naquela ocasião, foram eleitos 38 prefeitos em São Paulo, 35 no Rio Grande do Sul e 34 em Minas Gerais. O PT ganhou nas três capitais, enfrentando segundo turno em todos os casos. Agora, disputa a segunda rodada em São Paulo e Porto Alegre. Caso a prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, perca a reeleição na disputa com o tucano José Serra no segundo turno, será de Minas Gerais também a principal cidade governada pelo partido. Belo Horizonte é a quarta maior cidade do país e o terceiro maior colégio eleitoral entre os municípios. O prefeito reeleito, Fernando Pimentel, já reivindica maior espaço dentro do PT, dominado pelo grupo paulista.

A distribuição regional das prefeituras petistas revela o avanço do partido em Estados governados por oposicionistas e um resultado frustrante no Mato Grosso do Sul e no Piauí, administrados por petistas. Na Bahia, apesar do mal resultado em Salvador, onde pela primeira vez em 12 anos deixou de ser a segunda força eleitoral na capital para tornar-se a terceira, o PT triplicou o número de prefeituras, passando de 7 para 21. Quatro têm peso no cenário local: Vitória da Conquista, Ilhéus, Camaçari e Lauro de Freitas. Em Tocantins, o avanço foi ainda mais impressionante. O partido não apenas ganhou na capital, Palmas, com o candidato Raul Filho, como conquistou outras 15 prefeituras, enfraquecendo a oligarquia da família Siqueira Campos, que manda em um arco partidário composto por 11 legendas. O governador, Marcelo Miranda, faz parte de uma delas, o PSDB. Mas no Piauí do governador petista Wellington Dias, a história foi diferente. Por quatro votos, o PT perdeu para o PMDB em Guaribas, a cidade-símbolo do programa Fome Zero. Na capital Teresina, a petista Flora Izabel não só ficou de fora do segundo turno como terminou em quarto lugar, atrás de Quem-Quem, o candidato do Prona. O fracasso não se deu em razão da falta de candidatos. O PT lançou postulantes em 50 municípios, elegendo apenas sete deles. No Mato Grosso do Sul, o governador Zeca do PT conseguiu aumentar de 11 para 16 o número de prefeituras no Estado, mas continua longe de ter se tornado uma força hegemônica, apesar de estar em seu segundo mandato como chefe do Estado. Seu sobrinho, Vander Loubet, fracassou ao tentar impedir a eleição no primeiro turno de Nelsinho Trad (PMDB) na capital, Campo Grande. O terceiro governador petista, Jorge Viana, foi o único a reforçar-se politicamente. Aumentou o número de prefeituras de 7 para 10 e ganhou na capital, Rio Branco. Pela primeira vez, o PT elegeu prefeitos em todos os 26 Estados, conquistando prefeituras no Espírito Santo, Amazonas, Alagoas e Roraima, onde nada conseguiu há quatro anos. Rondônia foi o único Estado em que o PT ficou igual, com seis municípios. Mas lá o partido disputa a capital no segundo turno.