Título: BNDES libera só 15% do orçamento no 1º tri
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 15/04/2005, Brasil, p. A3
Os desembolsos do BNDES no primeiro trimestre do ano somaram R$ 9,45 bilhões, 10% acima dos R$ 8,5 bilhões liberados no mesmo período do ano passado. O valor representa apenas 15% do orçamento total de desembolso do banco para este ano, de R$ 60,8 bilhões. Os números mostram queda de 20% nas consultas, indicador da intenção de investir das empresas e retração de 16% nas aprovações de projetos. Também houve declínio de 6% no crédito à exportação. Fontes do banco adiantaram ao Valor que a instituição de fomento está trabalhando com a possibilidade de liberar este ano algo entre R$ 47 bilhões a R$ 50 bilhões, considerando difícil cumprir a meta de R$ 70 bilhões fixada para 2005. Aluysio Asti, superintendente da área de planejamento do BNDES, atribuiu a fraca performance do primeiro trimestre do banco à sazonalidade. "Na verdade, a média do primeiro trimestre é normalmente mais fraca". Segundo ele, a queda nas aprovações e nas consultas é resultado do grande número de consultas em exportações que se acumularam no início do ano passado, em janeiro, "com muita coisa de Embraer e de plataformas ( Petrobras) prejudicando a comparação com este ano" . Asti localizou a queda nas operações de crédito à exportação nas operações de pré-embarque de manufaturados ( financiamento para produção de bens para exportação, à exceção de bens de capital), típicos de créditos de ACCs no sistema financeiro privado. Ele acredita que o sistema financeiro privado voltou a operar de forma mais ativa na área de ACCs, reduzindo a procura dos recursos do banco. Apesar isso, o BNDES continua financiando com força operações de pré e pós-embarque dos setores de bens de capital e de avião, afirmou. Os financiamentos à Embraer somaram no período US$ 899 milhões, quase 90% dos US$ 1,1 bilhão liberados no Exim. Asti voltou a afirmar que a meta do banco continua sendo desembolsar R$ 60 bilhões este ano. "É uma meta que não é fácil, mas ainda assim é a nossa meta". Ele acredita que boa parte desse desembolso será destinado a projetos de indústria e infra-estrutura, setores que lideraram as liberações no primeiro trimestre, respondendo por 81% do valor total. Foram desembolsados R$ 4,8 bilhões para a indústria e R$ 2,9 bilhões para a infra-estrutura, com destaque para a área de transportes e material de transportes. Preocupada com a performance da instituição, a área de planejamento do banco está monitorando os números do desempenho do segundo trimestre, adiantou Asti. "Os primeiros números de abril mostram que consultas e enquadramentos estão apontando positivamente". Asti não sabe, porém, se vai dar para reverter a queda de 20% nas consultas, mas acha que vai dar para reduzir este percentual. "Estou vendo que os números estão melhorando. Estamos esperando a entrada de grandes projetos. Tem muita consulta em andamento envolvendo a discussão sobre grandes projetos". Os números do primeiro trimestre informam que as grandes empresas receberam 68% do que foi desembolsado pelo banco, ante 32% das pequenas.