Título: Em novo recorde, petróleo passa de US$ 51
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Fonte: Valor Econômico, 06/10/2004, Especial, p. A-12

Produção da Opep em setembro foi a maior nos últimos 25 anos, atingindo 30,15 milhões de barris/dia

O petróleo tipo WTI encerrou ontem acima de US$ 51 por barril pela primeira vez em Nova York, repercutindo a lenta recuperação da produção no Golfo do México após a passagem do furacão Ivan. O petróleo para novembro terminou a US$ 51,09 o barril, em alta de US$ 1,18, após alcançar o pico de US$ 51,29 durante o pregão. Esse é o nível mais alto desde que os contratos futuros foram lançados na Nymex, em 1983. Em Londres, o petróleo tipo Brent também para novembro terminou em alta de 94 centavos de dólar, a US$ 47,13 o barril. Na máxima do dia, o contrato foi negociado a US$ 47,41. O Brent serve de referência para a Petrobras. Alguns analistas já acreditam que o Brent deve chegar aos US$ 50.

"Parece que o mercado está convencido de que precisamos nos preparar para o inverno (no Hemisfério Norte) e por conta da lenta recuperação no Golfo perdemos tempo valioso", afirmou Phil Flynn, analista da Alaron Trading. A produção no Golfo do México ainda está reduzida em cerca de 453 mil barris por dia, ou 26,65%, três semanas após o furacão Ivan ter atingido a região. A BP, por exemplo, adiou a retomada completa de sua produção no Golfo para o final de outubro por conta dos danos no oleoduto. No total, o furacão reduziu a produção em 15,3 milhões de barris de petróleo desde 13 de setembro, segundo o Departamento de Administração de Recursos Minerais dos EUA, órgão que faz parte do Departamento do Interior. A produção de petróleo em plataformas em alto-mar localizadas no Golfo do México é de 1,7 milhão de barris/dia em média em um dia normal, disse o departamento. Investidores também aguardam a divulgação, hoje, dos estoques de petróleo dos EUA e a expectativa é de que tenham subido 2,2 milhões de barris na semana passada, de acordo com uma pesquisa da "Reuters". Os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) elevaram o fornecimento do produto em setembro para o nível mais alto dos últimos 25 anos, à medida que o Iraque aumentou suas exportações e outros países produziram perto da capacidade total. A produção total da Opep, que controla quase metade das exportações de petróleo do mundo, cresceu em setembro 690 mil barris por dia, para 30,15 milhões de barris diários - nível mais alto desde 1979, segundo pesquisa feita entre consultores, exportadores e fontes da Opep. A Opep elevou a produção durante a escalada recente dos preços. O maior aumento na produção no mês passado veio do Iraque, com crescimento de 510 mil barris por dia, para 2,26 milhões. A Venezuela, o quinto maior exportador mundial de petróleo, disse que quer ampliar a lista de novos clientes para seu petróleo bruto, a fim de reduzir sua dependência em relação ao mercado dos Estados Unidos, que atualmente absorve mais de 60% de suas exportações. O país está se concentrando na China, onde a demanda por petróleo está disparando, disse Ivan Orellana, representante da Venezuela na Opep.