Título: EUA querem troca de informações sobre biotecnologia
Autor: Mônica Scaramuzzo
Fonte: Valor Econômico, 19/04/2005, Agronegócios, p. B10

Em visita ao Brasil, a consultora sênior para assuntos de biotecnologia agrícola do Departamento de Estado dos EUA, Madelyn Spirnak, vê a América do Sul, sobretudo Brasil e Argentina, como regiões com um grande potencial para o desenvolvimento de biotecnologia. "A biotecnologia é um importante passo para o futuro. Entendo que a demanda vai exceder a oferta, o que é um bom sinal. Os produtores vão querer usar essa tecnologia", afirmou Spirnak, acrescentando que nos EUA as pesquisas já estão mais avançadas, na chamada segunda geração, com produtos voltados para área da saúde. Para Spirnak, a expansão do mercado de sementes geneticamente modificadas está garantida por razões econômicas, já que estas sementes proporcionam redução nos custos de produção para os agricultores. Em sua primeira viagem à América do Sul, Spirnak iniciou há quase uma semana um "tour" por países produtores de soja. Nesses últimos seis dias, passou por Chile, Argentina e Uruguai. O Brasil é sua última parada. Hoje Spirnak participa de um seminário sobre biotecnologia em Minas Gerais. Na sexta-feira, terá reunião, em Brasília, no Ministério da Agricultura. A vinda da consultora é mais uma das iniciativas americanas em defesa dos transgênicos. Segundo Spirnak, o objetivo, com as viagens é construir uma coalizão internacional para troca de informações tecnológicas e discutir os benefícios da biotecnologia como ferramenta de desenvolvimento agrícola. "Nós falamos sobre questões relacionadas à biotecnologia, mas não sobre questões regulatórias". Em recente entrevista ao jornal argentino "El Clarín", Spirnak negou que sua visita àquele país estava diretamente ligada às questões envolvendo as cobranças de royalties da multinacional Monsanto aos produtores argentinos. Spirnak defende a cobrança de patente de propriedade intelectual pelas empresas. No entanto, segundo ela, a rotulagem e o rastreamento deveriam ser voluntários, assim como nos EUA. Esses tipos de procedimento encarecem os custos de produção. "É preciso criar um sistema de confiança para atrair os consumidores." Spirnak acredita que o Brasil terá avanços em pesquisas na área de biotecnologia, não concentrados apenas em grãos. Ela cita estudos avançados em batata doce na Europa e o do arroz na China. Para a consultora, as empresas deverão concentrar esforços no desenvolvimento de produtos específicos para cada país, dependendo da demanda e das características de cada região.