Título: China é a grande incógnita do mercado
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 06/10/2004, Empresa e Indústria, p. B-6

A China é ainda uma notável incógnita para os principais produtores da siderurgia no Ocidente, o que traz preocupações sobre o que pode acontecer no futuro. Tanto que o Instituto Internacional do Ferro e Aço (IISI) decidiu no fórum de 2003, em Chicago , EUA, pela criação de um comitê que fizesse um profundo estudo sobre a indústria do aço na economia chinesa O IISI reuniu executivos da siderurgia de vários países - entre eles Brasil, Argentina, México, EUA, África do Sul, Alemanha, Japão e Reino Unido -- para fazer um diagnóstico da China. O objetivo é conhecer melhor a indústria de aço daquele país, o rumo de sua economia e avaliar uma possível reviravolta no mercado mundial caso os chineses passem de importadores a exportadores de produtos siderúrgicos. A China, atualmente, importa cerca de 25 milhões de toneladas e, se ocorrer uma inversão, poderá haver um grande desequilíbrio na oferta e demanda no mercado mundial de aço. Cerca de 100 executivos foram destacados para participar dos quatro módulos, que reúnem cinco áreas de enfoque: tecnologia, negócios, economia, problemas de meio ambiente e desenvolvimento de gestão de empresas. O estudo, que começou em maio deste ano, deverá ficar pronto em abril de 2005. Os resultados serão divulgados em uma reunião dos membros do comitê em Xangai, informou Dieter Ameling, presidente do conselho do projeto. Segundo ele, muitas informações foram colhidas durante o evento do IISI em Istambul, onde o comitê realizou dois encontros. Pelo lado brasileiro, marcou presença Rudolf Buhler, diretor técnico do instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS). Hoje, a preocupação do setor de siderurgia é que a demanda alcançou níveis recordes e, os preços, patamares nunca vistos em um período de mais de 30 anos, impulsionados pelo agressivo consumo chinês nos últimos três anos. Jorge Gerdau, presidente do grupo Gerdau, avaliou que o ritmo de expansão da economia chinesa tem um certo limite mas, no médio prazo, a expectativa dos analistas ainda é de continuidade do crescimento. Em certo momento, o país pode deixar de ser importador e passar a competir nas vendas do mercado internacional, que hoje movimenta 300 milhões de toneladas ano. Diante desse cenário, algumas empresas começam a ficar cautelosas na decisões sobre novas usinas, seja para exportação ou para suprir o mercado interno. Buhler informa que um dos fatores a ser analisado com cuidado é o fato de a China contar com mais de 500 siderúrgicas em operação, das quais 60 são de médio e grande porte. As centenas de pequenas usinas não contam com muito controle do governo. Avalia-se que, em algum momento, a China vai oc