Título: Popularidade do presidente cai mais do que a de seu governo
Autor: Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 20/04/2005, Política, p. A9

A 75ª pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem em Brasília pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) apontou uma queda de seis pontos percentuais na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que obteve 60,1% de aprovação. Com esse resultado a avaliação positiva do presidente rompe uma recuperação que vinha desde junho, quando a popularidade do presidente registrara a mesma queda de seis pontos, a maior desde o início do governo. Apesar dessa queda, Lula venceria as eleições de 2006 em primeiro turno em oito dos nove cenários propostos. A pesquisa também indica a piora na avaliação de questões sociais. De acordo com o levantamento, 44,9% dos entrevistados acreditam que a situação da saúde pública piorou no país nos últimos seis meses, contra 35,4% dos que tinham a mesma opinião na pesquisa anterior, de fevereiro. 64,6% acreditam que a pobreza aumentou no último semestre, contra 55,9% no último levantamento. A piora também é vista na educação (27,4% agora contra 24,8% em fevereiro) e na violência (85% agora contra 80,2% em fevereiro). A avaliação do governo, contudo, se manteve estável, variando para baixo dentro da margem de erro: a avaliação positiva passou de 42,6% em fevereiro para 41,9% em abril. "A queda na popularidade do presidente serve de alerta, pois ele sempre foi melhor avaliado que o governo, puxando para cima a aprovação do executivo, porém isso pode mudar", afirmou o presidente da CNT, Clésio Andrade. Esse resultado ainda não afeta as perspectivas de reeleição de Lula em 2006: pela pesquisa, sua intenção de voto varia de 37,5% a 47,7%, dependendo de uma das nove simulações apresentadas. Só haveria segundo turno, de acordo com o levantamento, no cenário com outros oito candidatos a presidente, cenário considerado pouco provável. "Lula ainda não tem nenhum candidato a altura em 2006", afirmou Clésio Andrade. Todos os prováveis adversários de Lula ficam abaixo de 18% de intenção de votos. Em seus melhores desempenhos, Anthony Garotinho (PMDB) teria 17,2%, Geraldo Alckmin (PSDB) 16,6%, Ciro Gomes (PPS) 15,6%, Fernando Henrique Cardoso (PSDB)14,7%, Aécio Neves (PSDB) 9%, Cesar Maia (PFL) 8,8% e Heloísa Helena (P-Sol) 5,4%. A pesquisa não incluiu em nenhum dos nove cenários o nome do prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), que é, contudo, o segundo colocado na pesquisa espontânea para presidente em 2006, com 2,9% das intenções de voto. Na indicação espontânea, Lula aparece com 21,5%. Tanto a avaliação dos governadores como a dos prefeitos continuou estável, variando dentro da margem de erro. A pesquisa também questionou a decisão do governo de não renovar o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Apenas 31,7% dos entrevistados tinham acompanhado ou conhecido o assunto. Destes, 56,3% aprovaram a decisão do governo de se afastar do fundo, contra 24,8% que reprovaram a iniciativa. A pesquisa também indicou que 53,2% dos entrevistados gostam dos discursos de Lula, mas 55,9% reconhecem que, de vez em quando, o presidente comete erros ou inadequações.