Título: Emprego cresce no 1 º trimestre, mas ritmo da expansão é inferior ao de 2004
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 20/04/2005, Especial, p. A14

O primeiro trimestre de 2005 teve um crescimento do emprego formal 15,88% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. Os números do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) divulgados pelo ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, mostram que, de janeiro a março, o mercado criou 292.222 vagas com carteira assinada. Nos três primeiros meses de 2004, tinham sido criados 347.392 empregos formais. Segundo Berzoini, está havendo expansão do emprego este ano, mas em ritmo menor. As conseqüências da seca no Sul do país e as demissões ocorridas nas regiões produtoras de cana em Alagoas e Pernambuco impediram a quebra do recorde do ano passado. Para este ano, o governo espera que o emprego formal tenha crescimento de 3,5% sobre 2004. Isso significa mais 1,2 milhão de trabalhadores. No ano passado, segundo o Ministério do Trabalho, foram criados 1,5 milhão de vagas com carteira assinada. Os números do Caged indicam que, em março, foram criados 102.965 postos de trabalho. Esse resultado é 4,84% menor que o de março do ano passado, quando o saldo entre contratações e demissões foi positivo em 108.212 vagas. Os números por setor no primeiro trimestre mostram que o ritmo da criação de empregos em 2005 está muito menos intenso que o do período janeiro-março de 2004. Na indústria, o número de novas vagas foi menor em 58,68%. Neste ano, foram criadas 51.613 vagas, e no primeiro trimestre de 2004 foram 124.933. Na agricultura, nos primeiros três meses deste ano foram abertos 4.193 novos postos de trabalho. No mesmo período de 2004, a ampliação foi de 22.294 vagas. Berzoini afirmou que o bom desempenho da balança comercial tem provocado impacto positivo sobre o mercado de trabalho. Portanto, ele ainda não vê reflexos da taxa de câmbio (real valorizado frente ao dólar) e dos juros altos (Selic a 19,25% ao ano) sobre o emprego. "Juros e câmbio sempre preocupam, mas é preciso reconhecer que impacto geral do câmbio na balança comercial é zero", disse. Sobre os juros, o ministro afirmou que uma expectativa de juros altos até o final do ano seria uma provável causa de redução de investimentos. Mas isso não está ocorrendo. Segundo Berzoini, as empresas brasileiras estão acostumadas a depender pouco do crédito e, em razão dessa postura, são as que têm a menor relação entre dívida e patrimônio. O ministro voltou a defender um regime de metas de inflação mais flexível. Segundo ele, os preços administrados têm de ser retirados do cálculo da inflação, porque são pouco sensíveis à política monetária. A alternativa é estabelecer uma meta mais tolerante da taxa anual. "Há espaço para debate com a equipe econômica, que é naturalmente conservadora. Mas é preciso questionar se juros altos servem para um país como o Brasil, que precisa muito de investimentos", afirmou Berzoini.