Título: Claro investe para garantir operação própria em Minas
Autor: Talita Moreira
Fonte: Valor Econômico, 20/04/2005, Empresas &, p. B4

Em meio ao complicado processo de venda da Telemig Celular, a Claro resolveu tocar o investimento de R$ 400 milhões para implantar uma rede própria em Minas Gerais - Estado onde ainda não atua. O montante representa 40% dos investimentos previstos para 2005 pela Claro, controlada pela mexicana América Móvil. O principal executivo da Claro, Luís Cosio, esteve ontem na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para assinar o termo de autorização para prestar serviços de telefonia móvel em Minas. O diretor responsável pelas atividades no Estado, Raul Galhano, diz que o serviço da Claro na região será lançado em meados do segundo semestre. "Até o final do ano, teremos uma cobertura semelhante à dos concorrentes", afirma o diretor. A Claro enfrentará Telemig, TIM e Oi. Uma fonte que acompanha de perto o processo diz, porém, que a Claro mantém um olho na implantação de sua rede e outro na aquisição da Telemig. A operadora não faz comentários sobre seu possível interesse na operadora mineira, controlada pelo fundo CVC - do qual o Citigroup afastou o Opportunity no mês passado. A gota d'água para o rompimento foi justamente a decisão do Opportunity, como gestor do fundo, de colocar a Telemig e a Tele Norte à venda sem comunicar o banco americano. O processo está suspenso por enquanto, mas o Citigroup e os fundos de pensão pretendem se desfazer das operadoras. "Não reduzimos em nada os investimentos por causa da venda da Telemig", diz Galhano. Apesar disso, fonte próxima à Claro afirma que os projetos da empresa em Minas ficaram em compasso de espera no início deste ano, com a expectativa de venda da Telemig. A Claro e a Vivo são as favoritas à compra da Telemig. Minas é a principal lacuna que falta para as duas empresas terem cobertura nacional, sem depender de acordos com outras operadoras. Galhano confirma que houve atraso na assinatura do contrato na Anatel. No entanto, diz que o motivo foi outro. Segundo o executivo, a razão foi o questionamento que a Telemig fez no órgão regulador sobre a vitória da Claro, com o argumento de que havia participação societária cruzada nas duas empresas. O fundo de pensão Telos é acionista da Telemig e também da Embratel - que por sua vez é controlada pela Telmex, do mesmo grupo da América Móvil. Conforme a legislação de telecomunicações, o mesmo investidor não pode participar do bloco de controle de duas empresas na mesma região. A Anatel rejeitou o recurso da operadora mineira. A Claro desembolsou R$ 51,2 milhões para arrematar a licença de Minas, em leilão promovido pelo órgão regulador em setembro do ano passado. Galhano diz que a operadora tem um ano - a contar da assinatura do termo de autorização, feita ontem - para dar início à prestação de serviços em Minas. O analista Roger Oey, do Banif, lembra que a empresa pode devolver a licença ao órgão regulador antes de entrar em operação no Estado. "Não se pode descartar a Claro como candidata à aquisição da Telemig", ressaltou.