Título: Anatel quer aparelho para usuário de baixa renda
Autor: Heloisa Magalhães
Fonte: Valor Econômico, 20/04/2005, Empresas &, p. B4

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) trabalha para ajudar o país ter telefone celular voltado para o usuário de baixa renda. E já vem conversando com operadoras e fabricantes para discutir a proposta de criar um telefone móvel que custe entre US$ 30 e US$ 40. A idéia foi lançada pela GSM Association e apresentada no fórum das empresas usuárias da tecnologia em evento realizado em Cannes, na Franca, em fevereiro passado. No exterior, quem está à frente da fabricação é a Motorola e os terminais estão sendo vendidos em vários países do Leste Europeu, China e Índia por meio de consórcio que reuniu oito operadoras. Segundo o superintendente de Serviços Privados da Anatel, Jarbas Valente, a agência reguladora pretende ajudar a aumentar a penetração da telefonia celular que fechou o trimestre do ano no país com 37,5%. O terminal mais barato, de acordo com Valente tem tudo para chegar mais à camada de baixa renda, pois hoje o celular tornou-se inclusive ferramenta de trabalho para prestadores de serviço. O superintendente da Anatel informou que o país fechou março com planta de 68,6 milhões de acessos móveis. Foram somados no primeiro trimestre 1 milhão de usuários ao mês. A Anatel trabalha com a expectativa de fechar 2005 com base de 81 milhões assinantes. Entretanto, Valente acredita que para a proposta do telefone para baixa renda ter sucesso é preciso integração não só de fabricantes e operadoras mas também dos governos federal, estaduais e municipais para estimular a fabricação, com a redução de impostos, e realmente tornar o produto o mais acessível possível. Ele disse que na última reunião do Conselho de Política Fazendária (Confaz), secretários de fazenda de todo país foram informados da idéia e receberam com entusiasmo a iniciativa. A Anatel estima que seja necessária escala de no mínimo 6 milhões de telefones em dois anos. Os fabricantes, segundo Valente, já se mostraram interessados na proposta mas avaliaram que depende muito das operadoras pois a maioria trabalha com personalização dos telefones como um diferencial de marketing para garantir a conquista do cliente. Valente esteve ontem na Conferência Regional Latino Americana de CDMA. Ele apresentou dados em torno da expectativa de crescimento do mercado de telefonia celular nos próximos cinco anos. Os números são de pesquisa encomendada pela agência a consultoria Merril Lynch. Em 2006, o país deverá ter 92 milhões de clientes de telefones móveis. Até 2009 poderá atingir base de 131 milhões de terminais com penetração de 67,4%. Segundo Valente, os cálculos levam em conta a forte expansão do mercado que surpreendeu a Agência e levou seus técnicos a errar as últimas projeções que apontavam para uma planta de 58 milhões em 2005, quando só em março já havia 68 milhões de acessos no país. Ele disse que a Anatel vem sempre sendo surpreendida com a penetração da telefonia celular e admitiu que já erraram para baixo e esperam agora acertar. Mas avisou que as projeções da Merril Lynch não incluem a proposta do terminal para usuários de baixa renda.