Título: Alencar vai a Moscou debater relações bilaterais
Autor: Robinson Borges
Fonte: Valor Econômico, 07/10/2004, Brasil, p. A-2
O debate sobre o embargo do governo russo à importação de carnes brasileiras deverá ser um dos temas relevantes da visita do vice-presidente José Alencar à Rússia, que começa na segunda-feira. Alencar chefiará a representação brasileira na Comissão de Alto Nível Brasil-Rússia, que será comandada, em Moscou, pelo primeiro-ministro russo Mikhail Fradkhov. Também será decidida a agenda, no Brasil, da visita do presidente Vladimir Putin, que chega ao país no dia 22 de novembro. Para o vice-presidente, a reunião em Moscou será uma oportunidade para propor ao primeiro-ministro a visita de técnicos e empresários russos para conhecer a indústria de proteína animal do Brasil. "É importante que eles conheçam nossa competência. Se vierem, vão verificar que o Brasil possui a melhor qualidade, com segurança absoluta e com um preço econômico", afirmou Alencar ao Valor. Em setembro, a Rússia suspendeu as compras das carnes brasileiras que não tivessem passado por cozimento por causa do foco de aftosa encontrado no Amazonas. A medida deve comprometer projeções do governo de crescimento na corrente comércio em relação a 2003 - passaria de US$ 2 bi para US$ 3 bilhões. No primeiro semestre, de fato, as exportações para a Rússia cresceram 3% e alcançaram US$ 690,2 milhões, a maior parte com a venda de carnes. "O volume da exportação deve crescer pouco em relação ao ano passado por causa desse embargo", comenta Alencar. Outro aspecto que será discutido é a decisão russa de fixar cotas para a importação, considerada pelo governo brasileiro como prejudicial ao agronegócio brasileiro e um peso ao potencial exportador do país. "A questão das cotas tem de ser corrigida para oferecer segurança aos exportadores e aos importadores. Essa é uma anormalidade. O Brasil pode provar à Rússia que tem condições de atender o seu mercado", diz Alencar. O vice-presidente será acompanhado por 60 empresários. De acordo com a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex), no primeiro semestre, aumentou em 25% o número de empresas brasileiras que exportam para a Rússia, na comparação com o mesmo período de 2003. Nesse cenário, mesmo com entraves, o Brasil tem previsão de que em quatro anos será triplicado o volume de vendas para os russos.