Título: Agnelli critica os pareceres da SDE
Autor: Ivana Moreira
Fonte: Valor Econômico, 22/04/2005, Empresas &, p. B5

Enquanto o Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade) analisa medidas para reduzir a concentração no setor de mineração, obrigando a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) a vender ativos, a mineradora investe na antecipação dos planos de expansão da produção de minério de ferro. "Temos uma fila de pedidos de 1 bilhão de toneladas sem ter como atender", afirmou o presidente da companhia, Roger Agnelli. Na quarta-feira, o executivo inaugurou a mina de Fábrica Nova, com capacidade de produção de 15 milhões de toneladas por ano. A previsão era iniciar as operações na mina em 2007. Mas, segundo Agnelli, o projeto foi antecipado para atender a China. Em Fábrica Nova, o presidente da Vale criticou os pareceres da Secretaria de Direito Econômico (SDE), recomendando a venda de ativos, e afirmou que é a companhia precisa continuar crescendo, para se fortalecer no cenário internacional. "Não tem porque ter qualquer tipo de restrição em termos estruturais", argumentou o executivo. "Para que o Brasil seja o maior país minerador do planeta precisa ter uma grande mineradora como a Vale." Ao comentar as recomendações da SDE para venda de ativos, o presidente da Vale foi irônico. "Todo um investimento bonitinho, correto, com 1 bilhão de toneladas de reservas, 15 milhões de toneladas por ano de produção, é essa que eles querem que vendam?", indagou, citando como exemplo o novo empreendimento. "E para quem, por que?" Segundo Agnelli, o Cade precisa considerar que a Vale comprou minas que eram controladas por grupos estrangeiros, nacionalizando as reservas. "Eles (os grupos siderúrgicos) estavam sem dinheiro em caixa, venderam", observou ele. "Agora estão com dinheiro, querem comprar", completou, numa alusão ao posicionamento das siderúrgicas em favor do parecer do SDE. "É um movimento cíclico."