Título: Banco Popular tenta ampliar atuação com mais produtos para baixa renda
Autor: Alex Ribeiro
Fonte: Valor Econômico, 22/04/2005, Finanças, p. C2

O Banco Popular do Brasil (BPB), subsidiária do Banco do Brasil para o segmento de microfinanças, prepara-se para ampliar seu leque de produtos financeiros. A instituição está terminando de formatar um seguro e uma caderneta de poupança dirigidos para o público de baixa renda. Também está negociando com indústrias para oferecer linhas de financiamento para a aquisição de bens de consumo duráveis, como geladeiras, máquinas de lavar e televisores. "Queremos dar continuidade ao rápido crescimento na base de clientes do banco, mas também ampliar os serviços oferecidos", disse o novo presidente do BPB, Geraldo Magela, em cerimônia de posse. Ele assumiu o cargo em um arranjo político para ampliar a presença do PT do Distrito Federal no governo. O antigo titular do cargo, Ivan Guimarães, não compareceu ao evento, alegando outros compromissos. Até agora, o BPB vinha operando basicamente com a abertura de contas simplificadas, recebimento de contas e empréstimos do programa de microcrédito. A ampliação da carteira de produtos já estava prevista no plano de negócios do BPB, aprovado pela diretoria do BB. A expectativa é que novos produtos estejam nos pontos de distribuição do banco - que atua exclusivamente por meio de correspondentes bancários, com seis mil pontos de atendimento - em três meses. "Para a população de baixa renda, o seguro popular é mais do que um produto financeiro, é um seguro social", disse Magela. O BPB ainda não definiu quais serão os valores dos prêmios e dos sinistros. No caso da caderneta de poupança, o principal diferencial será que o BPB manterá a conta aberta mesmo com saldos e depósitos de pequeno valor. "O objetivo é criar a cultura de poupança", afirmou Magela. A grande novidade será uma linha de financiamento para a aquisição de bens duráveis. Magela não forneceu maiores detalhes sobre o produto, mas adiantou que estão sendo conduzidas negociações com indústrias desses produtos para que o risco das operações sejam repartidos. "Ainda estão sendo definidos os limites e condições dessa linha." Em 2003, o governo chegou a criar uma linha de financiamento com juros mais baixos para a aquisição de produtos da linha branca, com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), mas os volumes emprestados foram muito baixos. A distribuição do crédito era feita pelo BB que não tem experiência com a população de baixa renda. Além disso, a operação da linha era complicada - o cliente tinha que ir à loja e depois pedir o empréstimo. Outra prioridade do BPB, segundo Magela, será avançar no programa de bancarização no interior do país. Atualmente, a maior parte do 1,3 milhão de correntistas da instituição (dos quais 800 mil já ativaram suas contas simplificadas) está localizada em grandes centros. O objetivo, neste ano, é contratar correspondentes bancários em todos os municípios de três Estados: Minas Gerais, Piauí e Maranhão. Em tese, todas essas localidades já contam com pelo menos um correspondente bancário, mas o conjunto de serviços oferecidos é restrito - basicamente o recebimentos de contas. "São regiões em que a população não tem nenhuma opção para, por exemplo, receber benefícios previdenciários ou para poupar", disse o assessor especial do Ministério da Fazenda Gilson Bittencourt, que integra o grupo interministerial do governo sobre microcrédito e microfinanças.