Título: Preços no atacado desaceleram e IGP-DI fica em 0,48%
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 07/10/2004, Brasil, p. A-4

Seguindo a trilha dos índices de inflação divulgados esta semana, o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) de setembro recuou para 0,48% ante 1,31% no mês passado, ficando abaixo das expectativas do mercado. A taxa foi derrubada pelo Índice de Preços do Atacado (IPA) que baixou para 0,65%, ante 1,59% em agosto, por conta da deflação dos agrícolas, de menos 0,64%. O IPA industrial encolheu também de 1,98% para 1,13% apresentando 14 desacelerações em um total de 18 setores coletados. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) ajudou a reduzir a inflação do IGP, ficando próximo de zero (0,01%) em função de taxas negativas na alimentação (-1,05%) e nos transportes (-0,10%). O Índice Nacional de Custos da Construção Civil (INCC), declinou de 0,81% para 0,58%. No ano, o IGP-DI acumula 10,06% e, em doze meses, 11,74%. Salomão Quadros, responsável pelo cálculo dos IGPs, trabalha com expectativa de taxas abaixo de 1% mensal para os indicadores até o final do ano, apesar de esperar algum recrudescimento nos preços do aço - com nova rodada já anunciada de aumento de 14% em média - e reajuste dos combustíveis, com impacto de 0,5 ponto percentual no IGP se a alta ficar em 10% para gasolina e diesel.

"O IGP-DI apresentou uma desaceleração com pouco mais de fôlego, pois está presente nos três índices e na maior parte dos componentes deles, o que não torna a inflação dependente de um fato isolado, ocasional", celebrou Quadros. O vilão da inflação do IGP-DI foi o item matérias plásticas, no IPA industrial, com alta média de 8,61% no mês, ante 3,05% em agosto, puxado pelo petróleo. "Claramente é um elemento isolado", disse o economista da FGV, lembrando que ocorre um movimento de queda dos preços de matérias primas detectado no papel e papelão, borracha e têxteis, que deram boa recuada em setembro. Salomão chamou ainda atenção para o preço dos bens duráveis no atacado, que estavam subindo 1,43% em agosto e voltaram para 0,96%. "Este é um sinal de que a demanda não está tão aquecida e que a recuperação de margem pela indústria não é um processo automático e linear como se pensa. É uma coisa que vai e volta. Há sinais de que não está havendo tanto espaço para repasses como se imaginava", avisou. Quadros citou também o caso dos bens de capital, cuja alta recuou de 2,36% em agosto para 0,9% em setembro. "As máquinas estão subindo menos, indicando que, seja para consumo, seja para investimento, a etapa final da produção também está desacelerando. Portanto, as coisas não são automáticas: subiu matéria prima, vai haver repasse." Elson Teles, da Fides Asset Management, traça também cenário favorável para o comportamento da inflação. Ele projeta uma taxa próxima de zero para a primeira prévia do IGP-M, que será divulgada hoje.