Título: Ciro critica aliança entre o PPS e o PDT
Autor: Sérgio Bueno
Fonte: Valor Econômico, 07/10/2004, Política, p. A-7

O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, condenou ontem a aproximação entre o seu partido, o PPS, com o PDT, defendida pela corrente do partido alinhada ao presidente da sigla, o deputado Roberto Freire (PE). Ciro é vice-presidente do PPS e está em rota de colisão com Freire desde o começo do governo Lula. O presidente da sigla quer que o PPS se afaste do governo federal e Ciro ameaça deixar a legenda, levando consigo boa parte dos governadores, parlamentares e prefeitos. Anteontem, o PPS aprovou oficialmente o apoio prioritário aos candidatos do PDT no segundo turno das eleições municipais. "Se a linha de oposição prevalecer, o partido vai explodir. É preciso ter respeito pelas lideranças que estão no PPS, os governadores, os senadores, os deputados e os 302 prefeitos que elegemos", disse ontem o ministro. De acordo com Ciro, "o PDT muito precocemente resolveu pôr-se em antagonismo frontal com o governo Lula, e o PPS, até o presente momento, tem a posição oficial de apoio ao governo". Ciro definiu como uma atitude de "oportunismo conjuntural" pensar em fusão "porque estamos, um ou outro, discrepando do governo". O ministro lamentou a decisão do PPS de coligar-se com o candidato tucano à Prefeitura de São Paulo, José Serra, e o atacou. "Com uma vitória de Serra, a cidade fica mal servida. É um quadro que não tem compromisso com as idéias que eu defendo", afirmou. A reação do PPS paulista foi imediata. "Mal servido está o PPS com Ciro Gomes, que só se lembra de atuar com ética, prudência, cautela e de se comportar de modo equilibrado quando lhe convém", afirmou o texto de uma nota assinada pelo presidente do diretório municipal do PPS, Carlos Eduardo Fernandes. O apoio do PPS a Serra já havia dividido a sigla na ocasião em que a aliança foi fechada. Antes da decisão, o deputado estadual Arnaldo Jardim venceu uma disputa interna para impedir uma aliança do partido com a candidatura petista, tornando-se candidato do partido à prefeitura. Mas antes que a campanha começasse, desistiu da candidatura, permitindo que a coligação com o tucano se viabilizasse. A saída de Ciro Gomes do PPS é prevista desde o início do ano. Disputam a filiação do ministro o PTB e o PSB. Na segunda hipótese, o ministro entraria no partido para concorrer ao governo do Rio de Janeiro. Perguntado ontem sobre seu destino, Ciro desconversou. (Com agências noticiosas)