Título: Tucanos também usarão lideranças nacionais para reforçar 2º turno
Autor: Maria Lúcia Delgado, Taciana Collet e Cristiane Ag
Fonte: Valor Econômico, 07/10/2004, Política, p. A-8

Assim como o PT, o PSDB também decidiu mobilizar lideranças nacionais da legenda para participar ativamente da campanha em 20 municípios onde disputa o segundo turno. O presidente nacional do partido e candidato em São Paulo, José Serra, afirmou ontem que, na capital, não acredita que a eleição seja resolvida com a presença de figuras nacionais, como governadores. Já coordenadores da campanha avaliam que a participação do governador de São Paulo na propaganda de televisão, Geraldo Alckmin, é importante para o segundo turno. O governador, segundo os tucanos, tem um índice de rejeição baixo e é associado a uma imagem de político simples, educado, humilde e competente. Ou seja, uma imagem que se contrapõe à já questionada postura arrogante da prefeita Marta Suplicy. "Eles (os governadores) já estão presentes. Não creio que a questão se resolva com lideranças. Ela vai ser resolvida pelo povo. Mas, o apoio sempre é politicamente conveniente, e do ponto de vista pessoal também é agradável encontrar com os amigos. Então é provável que hajam muitas visitas em São Paulo", afirmou Serra, após reunião na sede do partido, em Brasília. Serra desconversa sobre a participação mais direta de Gilberto Kassab (PFL), seu vice, no programa de TV. O PT promete explorar a vida de Kassab no segundo turno, buscando questionar o patrimônio do pefelista. "Se eles tinham alguma coisa deveriam ter levantado antes, e não esperado o segundo turno", retrucou. O candidato fez uma ameaça velada, caso o PT tente achincalhar o vice. "A própria candidata do PT teve um aumento imenso em seu patrimônio e ninguém colocou nada em dúvida", insinuou. O PT também pretende explorar falhas do governo estadual no setor de segurança pública para prejudicar a campanha de Serra. "A prefeitura não é responsável pela segurança em São Paulo. O que sim pode fazer é cooperar com o governo do Estado, coisa que não tem feito. Atualmente, na área de segurança tem procurado mais competir e disputar com o governo do Estado", reagiu o tucano. Sobre a participação maciça de ministros e celebridades petistas na campanha de Marta Suplicy, Serra também demonstrou descrença na estratégia para ganhar eleição. "Os ministros podem participar. Para nós não faz diferença. O que não pode e seria indevido é usar dinheiro público para isso, aviões, passagens, etc. Isso sim é impróprio. Não é errado um ministro manifestar seu apoio", justificou. Caso o ministro da Casa Civil, José Dirceu, se encarregue de fazer ataques ao PSDB e ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Serra promete respostas. "Responderemos sempre sem grosseria, que é o estilo do PSDB", afirmou. Sobre a participação de Fernando Henrique na campanha de segundo turno, ela deve ficar limitada a declarações públicas, mas não aparições na TV. O ex-presidente pretende manter-se mais neutro e respeitar certas formalidades do cargo que exerceu, segundo tucanos. FHC viaja nesta semana para os Estados Unidos, onde ficará até o fim do mês ministrando aulas na Brown University, em Rhode Island. Segundo um dos coordenadores da campanha municipal, deputado Walter Feldman, em "hipótese alguma" o ex-presidente vai se expor mais. "Ele já deu a contribuição dele quando afirmou que apóia Serra. Além disso, é dar uma dimensão exagerada e não queremos que ele se exponha como o PT faz (com o presidente Lula)." Do lado petista, o ministro José Dirceu disse nessa semana que o PSDB "escondeu" o ex-presidente no primeiro turno. "Esconderam FHC da campanha. Querem que o país esqueça o que foram esses oito anos de governo e que São Paulo esqueça que estão no governo há dez anos". Como porta-voz da campanha tucana, Feldman avalia a participação de Lula como "desastrosa" e não acredita na mudança da estratégia petista para "paz e amor".