Título: Montadoras não contam com o acordo este ano
Autor: Sergio Leo e Taciana Collet
Fonte: Valor Econômico, 07/10/2004, Especial, p. A-12

Os fabricantes de veículos não acreditam que o acordo de livre comércio com a União Européia possa ser fechado neste ano, em razão da proximidade da troca da equipe de negociação, que ocorre no fim do mês. "Ninguém jogou a toalha ainda; mas à medida que o tempo passa fica mais difícil", diz o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogelio Golfarb. Segundo ele, diante disso, o início da vigência do acordo também deve ficar postergado para algo entre fim de 2005 e início de 2006. Os representantes das montadoras não detalham o que já foi negociado. Informações do governo brasileiro indicam que a proposta do Mercosul é começar a abrir o mercado gradativamente, depois de 10 anos do início do acordo. Até lá, uma cota anual de 25 mil veículos europeus entraria na América do Sul anualmente sem pagar Imposto de Importação, de 35%. Fontes da indústria informam que a cota inicialmente negociada era de 38 mil unidades. Mas os argentinos pressionaram para que o volume fosse menor. A proposta também prevê quantidade ilimitada de exportações a partir do Mercosul. A Volkswagen é a mais interessada nesse aspecto porque vai produzir em 2005 um carro para o mercado europeu, feito na plataforma do compacto Fox. De maneira geral, sem a perspectiva de um acordo a curto prazo, as montadoras jogam para frente duas preocupações. A primeira é o receio de que os carros sejam usados como moeda de troca dos produtos agrícolas, dizem fontes do setor. Sob essa ótica, os negociadores europeus poderiam sugerir aceitar mais produtos agrícolas do Brasil em troca de cotas maiores para carros. Além disso, os fabricantes de veículos querem protelar ao máximo a entrada dos automóveis vindos da Europa. E, ainda, limitar essa brecha aos modelos mais luxuosos, mantendo o domínio da fabricação local para os carros menores.