Título: A recomendação foi clara: "faça dinheiro"
Autor: Marli Olmos
Fonte: Valor Econômico, 25/04/2005, Empresas &, p. B1

Na lista das 10 maiores empresas do Brasil, a General Motors obteve receita bruta de R$ 15 bilhões no país em 2004, 28% mais do que em 2003. Ray Young, canadense filho de chineses, assumiu o comando da companhia no início do exercício de 2004. Aos 43 anos, é um executivo com forte formação em finanças e foi escolhido pelo presidente mundial da companhia, Rick Wagoner, justamente para recuperar a rentabilidade da subsidiária brasileira. Valor: Por que 2005 é o ano decisivo para a GM deixar de ter prejuízos no Brasil? Ray Young: Porque já está na hora. O último resultado positivo no Brasil foi em 1997. Valor: Nesse cenário, rentabilidade passa a ser mais importante do que participação de mercado? Young: O melhor é conseguir equilíbrio entre rentabilidade e participação. Valor: Mas se tivesse que escolher... Young: Eu escolheria um mínimo aceitável de participação de mercado com rentabilidade. Valor: O senhor diz que as exportações foram responsáveis pelos prejuízos no primeiro trimestre. Como a meta da empresa é gerar lucros em 2005, se o câmbio não mudar a GM vai cancelar contratos? Young: Podemos perder contratos ou reduzir volumes. Eu estou surpreso de ver como o real está forte. Se o dólar continuar por volta de R$ 2,56 durante o resto do ano vamos produzir menos. Valor: Uma publicação no Brasil anunciou que o senhor poderia deixar o país até o final deste ano. É verdade? Young: Isso é especulação. Eu tenho ainda muito trabalho pela frente. Valor: E qual é a sua principal tarefa no país? Young: Quando Rick Wagoner me escolheu para assumir o comando da empresa no Brasil, disse: "Vá para lá para fazer a GM crescer; faça com que toda a organização se sinta vitoriosa; não esqueça de manter o ritmo de lançamento de produtos e faça dinheiro." Valor: Fazer dinheiro foi a recomendação mais enfática? Young: Na atual situação da companhia é muito importante que filiais como a do Brasil não percam dinheiro. Valor: O que o senhor acha da economia brasileira hoje? Young: Eu percebo que este momento é uma grande oportunidade para o Brasil crescer. Mas tudo está nas mãos do governo e da indústria. Depende dessa união a criação de um ambiente favorável ao crescimento. (MO)