Título: Número de homicídios cresce na Grande Vitória
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 26/04/2005, Especial, p. A16

As estatísticas de homicídios na região da chamada Grande Vitória (inclui, além da capital, os municípios de Vila Velha, Cariacica, Serra e Viana) confirmam as preocupações dos empresários com a violência. Entre 1º de janeiro e 12 de abril deste ano foram registrados 362 assassinatos nas cinco cidades que, segundo a mais recente estimativa do IBGE (2004), somam 1,47 milhão de habitantes. O número de homicídios cresceu 2,5% sobre o mesmo período de 2004 (353 crimes) após queda de 13,7% sobre os primeiros 104 dias de 2003. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Estudo feito pelo economista Daniel Cerqueira, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), baseado em dados de 2003, colocou o município de Serra com o mais violento do país, com risco de homicídio de 97,62% por 100 mil habitantes. O risco é calculado com base em uma fórmula que tem como principais elementos o número de homicídios em um ano e a população do município.

A mesma pesquisa colocou Cariacica em terceiro lugar (91,99%), Vila Velha em sétimo (69,62%) e Vitória como a segunda capital mais violenta (risco de 54,99% por cem mil habitantes). No Rio de janeiro, o índice é de 47,67%, e em Natal, de 18,59%. O promotor Leonardo Barreto, da ONG Transparência Capixaba, teme que o "boom" do petróleo, se não for bem administrado, possa gerar ainda mais violência. "Há uma posição festiva do poder público que pode acabar atraindo um fluxo migratório sem condições de ser absorvido, gerando mais bolsões de pobreza, mais periferia e aumentando os índices de violência que já estão insuportáveis", disse. Satisfeito com o rumo da economia e do combate ao crime organizado, o economista Geraldo Carneiro, da administradora de recursos Investor, se disse preocupado com "o aumento da bandidagem" e de crimes como o seqüestro-relâmpago (94 casos, de janeiro a março na Grande Vitória). O promotor Marcelo Lemos Vieira, coordenador do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (GRCO), disse que uma das razões para a alta criminalidade é a falta de policiais nas ruas decorrente de um longo período (nove anos) sem concurso para a Polícia Militar. "Há um número excessivo de oficiais e carência de soldados", disse. Ele chama atenção também para o problema das penitenciárias, de onde bandidos estariam saindo para praticar crimes e retornando depois. O governador Paulo Hartung admite que o problema da segurança pública "é um baita desafio". Segundo ele, as duas polícias estão sendo reestruturadas e foi criado um centro de informações e de estatísticas para ajudar no planejamento das ações. Ele disse que as limitações financeiras ainda são obstáculo a um avanço mais rápido. (CS)