Título: Federação das indústrias muda modelo de gestão
Autor: Chico Santos
Fonte: Valor Econômico, 26/04/2005, Especial, p. A16

Na esteira dos novos ventos que sopram na área do poder público, pelo menos uma grande entidade empresarial do Espírito Santo passa por momento de busca de aperfeiçoamento do seu modelo de gestão. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santos (Findes), Lucas Izoton Vieira, disse ao Valor que sua eleição, no ano passado, refletiu de tal maneira o momento de mudança por que passa a sociedade capixaba que, pela primeira vez na história da entidade, o candidato que estava no cargo não se reelegeu. Segundo ele, o propósito da diretoria que preside é erradicar da entidade o velho ranço do funcionalismo público e partir para uma gestão de compromisso com resultados, típica do setor privado. Entre os compromissos assumidos em campanha e, segundo ele, transformados em normas, estão o de não contratar parentes de membros de cargos de direção, não contratar serviços e produtos de empresas de diretores, a não ser em licitação com, no mínimo, cinco concorrentes, e redução de pessoal, por critério de competência. "O sistema havia se tornado um grande cabide de empregos. O nepotismo foi uma prática na maioria das gestões", disse. Como resultado das medidas já tomadas, de acordo com Vieira, a disponibilidade de caixa da entidade passou de R$ 5,5 milhões, em julho do ano passado, para R$ 14,5 milhões em março deste ano, sem prejuízo para o aperfeiçoamento da qualidade dos materiais e serviços. O empresário Américo Buaiz Filho, que comanda o Grupo Buaiz, um dos mais tradicionais do Estado (moinhos, café, shopping, rádio e TV), considera que tudo que vem acontecendo no Espírito Santo é parte de um processo que, na sua opinião, teve a atuação da imprensa como principal motor, antes das ONGs e das entidades empresariais. Buaiz Filho considera também que o potencial do Espírito Santo e do seu setor privado é tão grande que ele foi capaz de seguir crescendo mesmo em meio ao período de descalabros no setor público. (CS)