Título: Índice de responsabilidade social, de Akatu e Ethos, é alto em 49 empresas
Autor: Daniela D'Ambrosio
Fonte: Valor Econômico, 26/04/2005, Empresas &, p. B2

O Instituto Akatu pelo Consumo Consciente e o Instituto Ethos divulgam hoje um índice, inédito no país, de avaliação do grau de responsabilidade social de empresas e organizações. A lista das empresas e sua pontuação serão divulgadas hoje no evento de lançamento do Centro de Referência Akatu pelo Consumo Consciente. A exemplo dos ratings, foram criados três níveis de pontuação, "A", "AA" e "AAA". O projeto começou há dois anos - e contou, inclusive com a participação de consumidores para ponderar o que eles chamaram de referências Akatu-Ethos. "O consumidor tem um poder enorme nas mãos e precisa saber exercê-lo" , diz Hélio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu. Um total de 86 empresas participou do levantamento e delas 66 autorizaram a divulgação do resultado. Das 66, 49 atingiram a nota máxima, 14 alcançaram o estágio intermediário e três tiveram nota "A". "É uma forma objetiva de o consumidor avaliar", diz Mattar. "A escala serve para também para avaliação dos fornecedores, sindicatos ONG's e governo, ou seja, para o consumidor no sentido mais amplo", afirma Oded Grajew, presidente do Instituto Ethos. Um questionário com 60 itens abrange práticas e políticas de responsabilidade social selecionadas de acordo com diferentes critérios, entre eles sustentabilidade, satisfação do consumidor e nível de atividade social das empresas. "Queríamos criar a melhor referência do que existe hoje na área." Entre as melhores avaliadas, há tanto empresas de grande porte - o setor de serviços teve uma participação expressiva - como Banco Real, Itaú, Natura, Nestlé e Philips, como empresas menores, como Yázigi, Dry Wash e Laffriolée Sobremesas. "É uma iniciativa importante para abrirmos um diálogo com a sociedade e discutirmos soluções conjuntas", afirma Carlos Nomoto, superintendente de educação e desenvolvimento sustentável do Banco Real. O alto índice de notas máxima, segundo Mattar, indica que o universo das empresas que entraram no projeto inicial já estão mais voltadas a práticas nessa área. No grupo de notas intermediárias estão empresas como Camargo Côrrea, CSN, Accenture e Beijinho Doce. Com a nota "A" ficaram as empresas Aula Prática, Cicle e SH Formas Andaimes e Escoramentos. "É emblemático, pois são pequenas empresas, com baixos orçamentos, mas envolvidas com a responsabilidade social", diz Mattar. Segundo o diretor-presidente do Instituto Akatu, o levantamento trouxe constatações importantes. "As empresas ainda não consideram que esse tipo de ação faça a diferença, pois ainda não houve interesse em saber o que o mercado pensa", diz Mattar. "Quando lançam um produto, elas fazem pesquisas para saber a opinião do consumidor, mas o mesmo não é feito para avaliar a opinião pública sobre responsabilidade social." Entre as doze principais ações desenvolvidas pelas empresas avaliadas estão resolver as demandas do consumidor no prazo mais curto possível, desenvolver ou apoiar projetos sociais ou ambientais e promover educação dos empregados, entre outras. No entanto, apenas três das ações mais praticadas pelas empresas coincidem com as ações mais valorizadas pelo consumidor. Ter um programa de contratação e adaptação de deficientes físicos - ação mais importante na opinião dos consumidores - é adotada por 47% das empresas pesquisadas, índice que chega a 57% se considerado somente o universo das que obtiveram a classificação "AAA". Pesquisa recente realizada pelo Instituto Akatu mostra que 6% dos consumidores são considerados ativos e consideram o ato de compra um exercício de cidadania. Desse universo, 47% já puniram uma empresa (deixando de comprar seu produto ou falando mal da companhia).