Título: Bolsa de Valores de Nova York quer mais empresas brasileiras
Autor: Altamiro Silva Júnior
Fonte: Valor Econômico, 26/04/2005, Finanças, p. C8

A Bolsa de Valores de Nova York, a NYSE, quer atrair mais empresas brasileiras. "Os investidores americanos estão aumentando seus investimentos em ações de companhias dos países emergentes, que apresentam taxas robustas de crescimento", disse ao Valor a vice-presidente executiva da NYSE, Noreen Culhane. Entre os emergentes, ela cita Brasil, Índia e China como os preferidos dos investidores. Noreen chegou ontem de manhã em São Paulo, depois de passar pela Índia na semana passada. Ela fará uma visita de três dias ao país, passando também por Brasília. Na agenda, reuniões com empresários de companhias que podem ser listadas na NYSE e com as empresas já listadas. "Nosso relacionamento com as empresas é uma via de mão dupla. Elas vão até a bolsa e a bolsa vai até elas", disse Noreen, destacando que algumas companhias brasileiras têm procurado a NYSE interessadas em ver como funciona o mercado americano. Ontem à noite, ela fez uma palestra para convidados da Associação Nacional de Bancos de Investimento (Anbid), onde falou do mercado de capitais americano e da importância do Brasil para a NYSE. Para citar apenas alguns números, o Brasil é o terceiro país (excluindo os Estados Unidos) em companhias listadas em Wall Street, atrás apenas do Canadá e do Reino Unido. Ao todo, 33 empresas brasileiras estão lá. "É o país emergente com o maior número de companhias na NYSE", disse. Este ano, o volume médio diário de negócios dos papéis brasileiros na NYSE já é 60% maior que a média do ano passado. Em volume financeiro, a média por dia subiu quase 100%, passando para US$ 507,5 milhões. Apenas os negócios com os papéis de empresas brasileiras responderam, no primeiro trimestre, por 57% do total de negócios da América Latina; com relação ao volume financeiro, as brasileiras ficaram com 55% do giro. Empresas com histórias de sucesso e de crescimento. Segundo Noreen, é isto que o investidor americano está buscando. A preferência é que estas companhias sejam do Brasil, da China ou da Índia. "São países com taxas robustas de crescimento e os grandes investidores querem empresas que espelham estas economias", afirma. Por isso, preferem as companhias dos setores de infra-estrutura (como transporte e energia). A Bolsa de Nova York, complementa Noreen, é uma forma de essas empresas alcançarem visibilidade internacional, atraindo assim novos investidores. "Elas vão estar lado a lado das companhias com os mais altos padrões financeiros e de governança corporativa do mundo." Para Noreen, a função da NYSE é ser "complementar" ao mercado brasileiro, "e não um substituto", como foi acusada no passado quando as companhias brasileiras começaram a listar suas ações em Nova York e temia-se que isso esvaziasse os negócios aqui. "Para as empresas, é bom que os dois mercados de capitais sejam fortes", destaca. Depois dos escândalos contábeis, como o da Enron, e das novas medidas para disciplinar os investidores, como a lei Sarbanes-Oxley, Noreen diz que o mercado americano agora está mais "saudável". Para ela, o preço do petróleo e a contínua alta dos juros são dois fatores que podem trazer alguma instabilidade para o mercado no médio prazo.