Título: Segurança continua sendo a principal preocupação
Autor: Jacilio Saraiva
Fonte: Valor Econômico, 26/04/2005, TECNOLOGIA & TELECOMUNICAÇÕES, p. F1;2;3;4

A segurança é ainda a principal preocupação das empresas que procuram compartilhar recursos de tecnologia da informação. Mas tanto os empresários que já aderiram ao compartilhamento quanto os fornecedores desses serviços, ambos insistem em dizer: segurança é assunto superado. No caso dos bancos, que estão dividindo o acesso de suas infra-estruturas de auto-atendimento eletrônico, seus caixas ATMs, por exemplo, essa é uma situação pacífica. "O cliente do Banco do Brasil que vai utilizar um terminal da Caixa Econômica Federal terá o mesmo ambiente de segurança que ele tem quando faz uma operação nos caixas do BB. Ele está devidamente blindado " , confia Edson Monteiro, vice-presidente de varejo do Banco do Brasil. Não é muito diferente para os clientes que utilizam as redes de fibra óptica para compartilhar serviços de transmissão de voz, dados e imagem. "Nossa rede não permite que um cliente de uma empresa possa saber o que uma outra empresa está fazendo", ressalta Paulo de Tarso Pacífico, diretor-geral da Iqara Telecom, empresa provedora de serviços de comunicação em banda larga para operadoras de telecomunicações. A empresa trabalha com uma rede de fibra óptica de 180 quilômetros (420 prédios acessando) em São Paulo, utilizando duas tecnologias - TDM, para transporte de voz e dados, e Metro Ethernet, a primeira rede desse tipo na América Latina. "Cada cliente tem um túnel privado para transporte de suas informações, que não são visíveis para os outros clientes", explica Pacífico. Mas o temor das empresas em relação à questão de segurança permanece, indica Frank Meylan, diretor da área de Risk da subsidiária brasileira da KPMG, que conta com mais de 70 profissionais atuando no mercado nacional. "Existe o medo dos clientes de compartilhar tecnologia, mas procuramos mostrar que além de diminuir os custos, esse processo pode ser feito com extrema segurança", diz ele. "Nosso trabalho é mostrar para os clientes os procedimentos de segregação das informações que estão hospedados nos data centers, por exemplo, e como eles podem obter vantagens competitivas com o compartilhamento de seus recursos de informática", afirma o executivo. Os data centers são realmente exemplos dessa possibilidade. A Dedalus Hosting & Comunicações, empresa especializada em soluções de outsourcing, sistemas corporativos de comunicação e segurança para ambientes de missão crítica, informa que numa estratégia de compartilhamento dos recursos de TI a segurança é uma questão dada de forma virtual. "Os recursos são entregues de forma que só os clientes daquele serviço enxergam o que lhes é oferecido", diz Dario Boralli, presidente da empresa. A Dedalus diz que tem ferramentas para compartilhar os recursos de informática com inteira segurança com seus clientes. Um de seus produtos é o D/FlexSecurity Suite, solução de segurança da informação que engloba, em um só pacote, as tecnologias de anti-spam, antivírus, Intrusion Detection System (IDS), IPS (segurança para protocolo IP), firewall, filtro de conteúdo Web, traffic shaping (gerenciador de banda), autenticação e Virtual Private Network(VPN). A empresa exibe os resultados desse esforço. Em 2004, a receita atingiu R$ 15,5 milhões - 40% maior que de 2003 - e o número de clientes passou de 73 em 2003 para 92 em 2004, contando entre eles empresas como a Natura, Bonde, Embraer, Liberty e a PricewaterhouseCoopers. Para a Getronics, que faz gerenciamento de redes Virtual Private Network (VPNs) - a criptografia (embaralhamento dos dados para que apenas o cliente possa enxergar) e a autenticação, via senha de acesso, são algumas formas que garantem a segurança das operações. "Hoje, não há mais temor em relação à segurança. Temos mecanismos sofisticados para controlar o acesso e fazer o gerenciamento dos dados dos clientes", diz Marcelo Zanoni, diretor de infra-estrutura da Getronics. As empresas que fornecem soluções customizadas e integradas de telecomunicações e de tecnologia de informação como é o caso da PremiSys também não têm do que se arrepender de suas estratégias em relação à oferta de sistemas de segurança para as empresas. No ano passado, a PremiSys obteve um faturamento de R$ 310 milhões (30% a mais do que no ano anterior), tendo como grande trunfo, segundo Paulo Pessoa, diretor de marketing e desenvolvimento de novos negócios, a confiabilidade de seus clientes. "Desde 2001, quando criamos um backbone único para oferecer soluções compartilhadas de tecnologia de rede corporativa para o Bradesco e para o Unibanco, nosso principal atrativo foi a confiabilidade. Isso é fundamental para a sobrevivência de qualquer empresa que faça parte desse negócio", diz Paulo Pessoa, diretor de marketing e novos negócios da empresa .