Título: Data centers são a saída para as empresas
Autor: Jacilio Saraiva
Fonte: Valor Econômico, 26/04/2005, TECNOLOGIA & TELECOMUNICAÇÕES, p. F1;2;3;4

Os data centers aparecem como a opção do momento para grandes e médias empresas interessadas em entregar a tarefa de gestão de TI para companhias especializadas. Na verdade, são grandes complexos - lembram os antigos Centro de Processamento de Dados (CPDs) - que funcionam como "hotéis" de tecnologia. Ao invés de hóspedes de carne e osso, recebem servidores e equipamentos de várias empresas. Ou oferecem essas mesmas máquinas para os clientes instalarem seus sistemas. Também podem garantir serviços de bancos de dados e cuidar sozinhos de operações de comércio eletrônico e segurança de aplicações. Entre as vantagens de entrar nesses "hotéis" estão a redução de investimentos em tecnologia, a possibilidade de focar apenas no core business do negócio e não se preocupar com a contratação de equipes técnicas ou com os altos custos de atualização de software e hardware. A procura pela facilidade fez com que alguns data centers crescessem mais de 40% por ano nos últimos quatro anos, com investimentos de até US$ 5 milhões em 2005. A Dedalus Hosting & Comunicações, por exemplo, atua no setor há cinco anos. Hoje, num data center de mil metros quadrados, no bairro de Vila Olímpia, em São Paulo, abriga clientes como Natura, Americanas.Com e SBT. O prédio tem rede elétrica estabilizada, sem interrupção; sistemas de detecção e controle de incêndio, além de acesso restrito. "Os clientes podem optar por hospedar seus equipamentos em racks ou dependendo da quantidade de servidores usar as máquinas num compartimento individual e fechado", explica Marcelo Boralli, diretor de desenvolvimento de negócios da Dedalus. A companhia é capaz de atender uma demanda de 1,3 mil servidores ou 260 racks, com uma equipe de cerca de 70 profissionais, entre operadores, engenheiros de hardware e software, além do time de segurança. Na ponta do lápis, recebe até 300 empresas com aproximadamente quatro servidores cada uma. O serviço é cobrado por mês, geralmente em contratos de 24 ou 36 meses, enquanto o valor é customizado de acordo com o projeto do cliente. A Dedalus faturou R$ 15,5 milhões em 2004: um crescimento de 43% em relação a 2003. Foi o quarto ano consecutivo com um salto na receita acima de 40% e o período com o menor turn over de usuários na história da companhia, que laçou 35 novas contas em 12 meses. Este ano, a previsão é incrementar o caixa em 35%, com a conquista de novos clientes, crescimento da base instalada e oferta de serviços inéditos. A companhia vai investir US$ 1 milhão em segurança, infra-estrutura de dados e comunicação até dezembro. Outra empresa do setor, a Diveo do Brasil tira do bolso US$ 5 milhões, em 2005 para ampliar o espaço físico do data center que mantém em Tamboré (SP). A idéia é aumentar em quase 20% a capacidade instalada para receber novos usuários. A Diveo opera no país desde 2000 e possui dois data centers: um em Tamboré, com 17 mil metros quadrados, e um outro, com aplicações de contingência, de 350 metros quadrados, no bairro do Itaim, em São Paulo. A unidade de Tamboré conta com mais de dois mil servidores instalados e atende mais de 200 clientes corporativos. "Estamos preparados para triplicar o número de hóspedes", afirma Marcelo Rodrigues, diretor de marketing da Diveo do Brasil. Os serviços da companhia custam a partir de R$ 1 mil, mas o valor final depende do projeto. A empresa atende as livrarias Siciliano, a VisaVale e a Fundação Getúlio Vargas, entre outros. Em 2004, cresceu 30%, mesmo índice esperado para 2005, em dólar. Além de novos contratos, deve sustentar seu crescimento com serviços adicionais oferecidos aos clientes, gerenciamento de back up, segurança das informações e banco de dados. A Telefônica, que atua no mercado de data center desde 2000, possui uma unidade de dez mil metros quadros para hospedagem de servidores em Barueri (SP). O complexo tem conexão com rede própria para as principais cidades brasileiras e outros centros mundiais. "Há data centers do grupo Telefônica em Buenos Aires, Frankfurt, Lima, Madri, Miami e Santiago", explica Cláudio Baumann, diretor geral de soluções da Telefônica Empresas. O data center brasileiro gerencia cerca de dois mil servidores, mas pode abrigar 20 mil máquinas simultaneamente com garantia de expansão. Além de recursos tradicionais de data center, oferece serviços de contingência, transmissão de eventos por computador e sistemas de correio eletrônico. Atende mais de 200 clientes, principalmente do segmento de serviços, varejo, financeiro e indústrias. Em 2005, a Telefônica Empresas deve investir R$ 24 milhões em tecnologia na aquisição e renovação de softwares, hardware e oferta de novos serviços. Na Picture Internet Solutions, a meta é diversificar serviços para angariar mais contas. A empresa oferece co-location (quando o cliente leva seus equipamentos para o data center), aluguel de equipamentos, monitoramento de servidores e conexão à redes de fibra óptica sem fio ou de banda larga. O data center da empresa, de 300 metros quadrados, fica em Alphaville, em São Paulo, e hospeda mais de 50 clientes, com munição pronta para mais 200 companhias. O serviço é cobrado mensalmente, de acordo com o produto contratado. "Uma solução com um servidor alugado no data center sai por R$ 1,4 mil", afirma Marcelo Abdo, diretor de marketing da Picture, que atende empresas como a Brasilwagen, do setor de concessionárias de veículos, e os restaurantes Koi. Em 2005, a companhia deve investir R$ 100 mil na ampliação do seu parque de servidores.