Título: Indústria exportadora impede alta maior do desemprego em São Paulo
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 27/04/2005, Brasil, p. A2

O dinamismo da indústria paulista no primeiro trimestre refletiu-se no mercado de trabalho da região metropolitana de São Paulo em março. Se não fosse a geração de 11 mil vagas com carteira assinada no setor, um incremento de 0,7% sobre fevereiro, a taxa de desemprego em março teria ficado ainda maior do que os 17,3%. Nos três primeiros meses do ano, o emprego industrial foi o único com saldo positivo entre geração e fechamento de postos de trabalho, com mais 7 mil vagas. Só na indústria metal-mecânica, foram geradas 39 mil vagas e mais 29 mil no ramo de química e borracha. Nos serviços, houve redução de 88 mil ocupações e no comércio a queda foi de 22 mil. Em doze meses, serviços lideram a abertura de postos, com 188 mil novas ocupações. A indústria abriu 156 mil vagas, o comércio 103 mil e serviços domésticos e construção civil, 42 mil postos. Em termos percentuais, o maior aumento foi da indústria (10,9%), puxado pelo setor manufatureiro, que exportou bastante no período. Nos últimos 12 meses, a ocupação cresceu 36,4% em química e borracha, 23,9% em vestuário e têxtil, 13,6% em alimentação e 8,6% em metal-mecânica. Houve queda em gráfica e papel (4,9%) e no agregado outras indústrias (2,1%). Ainda que em março o desemprego tenha subido levemente frente à taxa do mês anterior, o desempenho do mercado de trabalho no primeiro trimestre do ano foi melhor do que se esperava, afirmam os técnicos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos (Dieese) e da Fundação Seade, responsáveis pela pesquisa de emprego. Entre março deste ano e dezembro do ano passado, o desemprego cresceu 1,2%. É um percentual inferior ao visto em igual período de 2004, quando o aumento foi de 7,9%. A renda do trabalhador, no entanto, ainda patina. Em fevereiro, o rendimento dos ocupados ficou praticamente estável, com leve alta de 0,2%, equivalendo a R$ 1.011. Já o rendimento dos assalariados subiu mais, 0,7%, para R$ 1.074. Para abril, Clemente Ganz Lúcio, diretor-técnico do Dieese, espera que o desemprego siga em alta, mas com perfil de crescimento diferente. A expectativa é de maior criação de vagas.