Título: Lula pede a empresários mais garra para vender
Autor: Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 27/04/2005, Brasil, p. A3

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem uma atitude mais aguerrida dos empresários no comércio externo. "O que nós estamos tentando provar é que não é incompatível você crescer o mercado externo e crescer o mercado interno. Quero que o empresariado, uma vez por mês, lote um avião de empresários e vá a um país vender os nossos produtos, vá escarafunchar lá, vá cavoucar. Nós não somos apenas exportadores de matéria-prima, nós podemos ser exportadores de produtos manufaturados e competir para ganhar", afirmou. Lula também defendeu um verdadeiro pacto pelo mercado externo. "O que nós precisamos é fazer um pacto de brasilidade, um pacto patriótico mesmo, de juntar governo e empresários em todas as frentes e enfrentar todos os oponentes que nós temos de forma coesa", disse. Lula aproveitou a solenidade de lançamento da edição dos Melhores Cafés do Brasil, promovida ontem em Brasília pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) para defender a política comercial brasileira. "Nesses dois anos o nosso comércio com a América do Sul já cresceu quase 58%, já é maior hoje do que o nosso comércio com os Estados Unidos", disse. Para o presidente, o atual momento é propício para os empresários melhorarem os produtos nacionais, para que fiquem mais competitivos. "O que nós queremos é fazer com que o Brasil não dê um passo atrás", disse. Os empresários precisam ter um maior comprometimento com o país, na opinião de Lula. "Não pensem que as pessoas lá fora vão ficar vendo o Brasil crescer, vão ficar vendo o Brasil ser o maior exportador do mundo. Não. Tem disputa nesse mercado e disputa pior do que São Paulo e Corinthians, "nego" pisa na canela mesmo. Mas o que nós temos que ter é, primeiro, qualidade; segundo, profissionais para defender o Brasil em todas as frentes", disse. Lula também defendeu uma maior articulação empresarial para favorecer o comércio externo do país. "Eu vou para o Japão e para a Coréia. Nós vamos no dia 22. Fizemos uma reunião com os produtores de álcool do Brasil e todos têm divergências. O Japão quer comprar, mas quer determinadas garantias. E eu disse para eles: olha, vocês se juntem, montem um grupo de trabalho. Quando eu chegar em Tóquio, eu quero chegar com uma posição coesa entre governo e o setor produtivo, para que todos falem a mesma língua", disse. O presidente também previu maiores problemas nas disputas comerciais. "A carne tem vários problemas que nós vamos ter que enfrentar, porque o Brasil passou a ser o maior exportador de carne do mundo. E não é porque a gente ganhou algumas batalhas na OMC, mas nós estamos ganhando uma parte do mercado mundial. E isso coloca muita gente de orelha em pé contra o Brasil", afirmou.