Título: Alemanha terá crescimento menor
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Fonte: Valor Econômico, 27/04/2005, Internacional, p. A11

Os seis principais institutos econômicos da Alemanha reduziram à metade sua previsão para o crescimento do país este ano. Os motivos relacionados ao fraco desempenho são o retraimento dos consumidores e as exportações prejudicadas pelas altas do dólar e do petróleo e a desaceleração da economia mundial. A economia alemã, a maior da Europa, deverá ter uma expansão de apenas 0,7% em 2005, disseram os centros de pesquisa financiados pelo governo, em relatório semestral divulgado ontem em Berlim. A previsão anterior dos institutos, de outubro, apontava um crescimento de 1,5%. "A fragilidade estrutural da economia persiste", disse Joachim Scheide, economista-chefe do Instituto de Kiel de Economia Mundial, em entrevista coletiva à imprensa. "A economia alemã está sofrendo, evidentemente, de uma debilidade fundamental." A avaliação reforça as dúvidas de que a Alemanha esteja conseguindo sair da estagnação crônica em que foi aprisionada nos últimos anos. De 2001 a 2003, o país cresceu menos de 1% ao ano. Em 2004, atingiu 1,6% graças a um forte impulso nas exportações. "A recuperação, que havia sido notavelmente robusta na primeira metade de 2004, foi interrompida", afirma o relatório. Ainda assim, os economistas dizem "esperar que a atual fase de fraqueza cíclica seja gradualmente superada no restante do ano". Os centros de pesquisa disseram que os preços do petróleo, que alcançaram o recorde de US$ 57,65 o barril no último dia 4, prejudicarão as exportações no primeiro semestre, antes de a expansão mundial começar a impulsionar a demanda por produtos alemães, no segundo semestre. Isso deve levar a um crescimento de 4,1% das exportações em 2005 e de 6,4% em 2006. Apesar de prever uma expansão anual de 1,5% para 2006, os institutos acreditam que o governo alemão ainda precisa tomar medidas para aquecer a economia: "Mesmo com as iniciativas adotadas nos últimos anos, não se vê nenhum conceito coerente concebido para atacar o problema do crescimento". A Comissão Européia estima que a Alemanha terá este ano o menor crescimento dentre todas as 25 nações que compõem a União Européia (UE). Já o FMI calcula que o país, ao lado do Japão, apresentará o pior resultado dentro do G-7, o grupo dos sete países mais ricos do mundo. O prognóstico dos institutos, que serve como base para as previsões corrigidas do próprio governo alemão, a serem divulgadas no próximo dia 28, é inferior às projeções de 0,8% publicadas no início deste mês pela Comissão Européia e pelo FMI. Anteontem, o Ifo, um dos seis institutos autores do relatório, já havia anunciado que o nível de confiança dos agentes econômicos caiu para seu nível mais baixo dos últimos 19 meses . Além disso, a taxa de desemprego subiu para 12% em março, ofuscando as perspectivas de uma recuperação dos gastos do consumidor. O crescimento anêmico da economia está contribuindo para a queda da popularidade do Partido Social Democrata (SPD), do chanceler (premiê) Gerhard Schröder. Uma pesquisa recente junto a 2.503 eleitores, divulgada pela revista "Stern", traz o SPD com a preferência de apenas 28% dos alemães, contra 46% para a União Democrata Cristã (CDU).