Título: Vendas da AmBev crescem, mas InBev recua na Europa
Autor: Daniela D'Ambrosio
Fonte: Valor Econômico, 27/04/2005, Empresas &, p. B11

O aumento de 23,1% no volume de vendas de cerveja da AmBev no primeiro trimestre impulsionou o desempenho da InBev - cujos volumes cresceram 4,1% no período. Não foram suficientes, no entanto, para compensar as fracas vendas em mercados mais maduros, como Europa e Estados Unidos. No Brasil, foram vendidos 14,9 milhões de hectolitros de cerveja, 12,9% acima do primeiro trimestre do ano passado. "Os números ficaram acima das expectativas", disse Tânia Sztamfater, analista do Unibanco. Segundo Pedro Aidar, gerente de relações com investidores da AmBev, a elevação das vendas no Brasil reflete a recuperação da participação de mercado da empresa e a expansão do mercado de cervejas no Brasil. Segundo ACNielsen, no primeiro trimestre deste ano, o mercado de cervejas cresceu 7,3%. A AmBev fechou março deste ano com uma participação de mercado de 67,6%. Chegou a ter uma fatia de 62,9% em novembro de 2003. "Precisamos recompor os preços no final do ano passado e ainda assim não tivemos queda de participação de mercado", disse Aidar. Em dezembro, a AmBev reajustou seus preços em 5%. "O crescimento do volume também mostra o forte trabalho da marca junto ao consumidor e no ponto-de-venda, uma meta que impusemos no final de 2003 quando a empresa começou a perder participação", disse Aidar. Entre as três marcas globais da InBev, Brahma foi o principal destaque. Suas vendas subiram 17%, impulsionadas pela recuperação da participação de mercado no Brasil. As vendas da Becks subiram 4,3%, enquanto as da Stella Artois recuaram 4,6%. "O lançamento mundial da Brahma fortalecerá ainda mais os volumes comercializados de nossas marcas mais caras", disse a InBev em comunicado. Na América Latina, o volume de vendas de cerveja da AmBev subiu 9%, para 5,4 milhões de hectolitros, e na América do Norte as vendas foram de 2,04 milhões de hectolitros - não há dados comparativos do primeiro trimestre do ano passado, já que a Labbat ainda não havia sido incorporada. As vendas de refrigerantes tiveram um incremento de 2,6% no Brasil, atingindo 4,7 milhões de hectolitros e de 15,8% na América Latina, onde foram vendidos 2,9 milhões de hectolitros. Enquanto o desempenho no Brasil superou as expectativas, os números da InBev decepcionaram analistas estrangeiros. As vendas em volume, incluindo cerveja e refrigerantes, totalizaram 47,3 milhões de hectolitros no trimestre, alta de 4,1%. A expectativa do mercado era de crescimento de 10%, de acordo com pesquisa da Reuters com seis analistas. Na Europa, as vendas da InBev recuaram 6,9% no primeiro trimestre puxadas pela queda de 8,1% na Inglaterra e Irlanda. A América do Norte registrou uma queda de 4,2%, puxada por uma redução de 14% na demanda dos EUA. A competição com o vinho e bebidas destiladas, além da proibição do fumo em locais fechados em alguns países, contribuíram para essa queda. "Apesar do primeiro trimestre ser sazonalmente o mais fraco no hemisfério norte, os baixos números de volume em vários mercados é uma confirmação de uma tendência preocupante que tem se desenvolvido ao longo dos últimos trimestres", disse o analista Philippe Rochez, do KBC Securities. Segundo John Brock, presidente-executivo da InBev, apesar das condições desafiadoras em alguns mercados, a performance operacional no primeiro trimestre ficou em linha com o plano da companhia para entregar um sólido desempenho lajida (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) este ano. Brock evitou dar uma previsão de lucro para a InBev em 2005, mas informou que a companhia tem objetivo de atingir uma margem lajida de 30% até 2007. "Precisamos de crescimento do lajida de dois dígitos para chegar onde nós queremos", disse o executivo a jornalistas. Ele acrescentou que prevê o mesmo crescimento de vendas em volume no segundo trimestre deste ano. (Com agências internacionais)