Título: Lula reafirma apoio a cafeicultores
Autor: Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 27/04/2005, Agronegócios, p. B14

"Eu sou capaz de parar de beber água e não de beber café. Às vezes, à meia-noite estou com azia, por causa da quantidade de café que eu tomo. É um vício que não tenho vontade de largar", afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no lançamento da edição dos Melhores Cafés do Brasil, promovido ontem pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). O evento serviu para o governo federal garantir apoio ao setor e para reforçar a meta de exportar US$ 3 bilhões em café em 2005. Para Lula, o atual momento é favorável ao Brasil na industrialização do café. "O Brasil já está cansado de ser exportador de produtos in natura (...)", disse. Lula quer, por exemplo, que o país aumente a concorrência com a Alemanha, que, segundo ele, mesmo sem ter um pé de café plantado, é um grande exportador de café processado. O presidente defendeu o mecanismo de garantia de preços, como os contratos de opção de compra realizados pelo governo. "O Roberto [Rodrigues, ministro da Agricultura] se queixava que estava US$ 37 a saca e que era preciso garantir. E nós achamos que é preciso. Esse é um setor em que todos nós, governo e empresários, temos de ter clareza de que a agricultura é uma atividade de risco (...) e nós precisamos nos dotar de mecanismos de proteção para enfrentar as intempéries (....)", afirmou Lula. Lula minimizou as críticas de produtores de outros setores. "Eu ouvi o discurso de um empresário quando nós fizemos a reunião dos 50 maiores exportadores brasileiros e ele falava da soja. Ele falava: 'tem muita gente reclamando', mas o dado concreto é que nós não perdemos nada. Nós produzimos este ano a mesma quantidade que nós produzimos no ano passado. Ou seja, a gente está deixando de ganhar um pouco mais, mas a gente não tem que estar aqui lamentando", disse. O presidente da Abic, Guivan Bueno, afirmou que o momento é favorável para que o setor atinja US$ 3 bilhões em exportações. "No atual ritmo de exportações conseguiremos cumprir essa meta", disse. O ministro Rodrigues disse que, com a meta atingida, o café voltará a estar entre os quatro ou cinco principais produtos exportados pelo país. A Abic selecionou os melhores grãos produzidos em 2004. O lote vencedor foi adquirido por empresas nacionais por R$ 8 mil. O Pão de Açúcar adquiriu parte dos lotes para comercializar o café em todo país.