Título: Tesouro vai aproveitar e comprar mais divisas
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Fonte: Valor Econômico, 27/04/2005, Finanças, p. C1

Aproveitando o ambiente de abundância de dólares no mercado de câmbio, o Tesouro Nacional vai ampliar suas compras de moeda estrangeira para pagar dívida externa. O Banco Central anunciou que os planos agora são comprar mais US$ 2,089 bilhões para honrar vencimentos de juros e principal da dívida velha (pré-bradies, bradies e Clube de Paris) no segundo semestre. O anúncio representa, pelo menos em tese, um fator de alívio para a tendência valorização da taxa de câmbio registrada nas últimas semanas. Em abril, o mercado de câmbio registra um superávit de US$ 572 milhões, até o dia 20. Anteriormente, em dezembro, o Tesouro anunciou que iria comprar até US$ 2,447 bilhões para pagar compromissos da dívida velha que vencem no primeiro semestre. Agora, o total adquirido no ano será de US$ 4,536 bilhões. Como regra geral, as compras podem ser feitas até 180 dias antes do vencimento do compromisso. Embora seja bastante provável que as compras previstas para o primeiro semestre já tenham sido feitas - e que tenha começado a compra de moeda para o resto do ano -, não é possível afirmar com certeza o volume de dólares que o Tesouro já contratou no mercado de câmbio. O BC mantém a tradição de só divulgar os valores pagos da dívida externa, e não os contratos de compra de moeda que serão liquidados no futuro. Sabe-se, apenas, que no primeiro trimestre o Tesouro pagou US$ 223 milhões com recursos comprados no mercado de câmbio. Ao anunciar a compra de dólares no mercado, o BC aproveitou também para elevar em US$ 6 bilhões suas projeções para as reservas internacionais líquidas (excluem empréstimos do Fundo Monetário Internacional) em dezembro - para US$ 37,302 bilhões. Além da compra de US$ 2,089 pelo Tesouro (que significa que o BC não precisará usar reservas para pagar esses valores), também pesou na revisão os US$ 3,962 bilhões absorvidos pela autoridade monetária em suas intervenções no câmbio em março. A partir de abril, o BC deixa de divulgar suas reservas líquidas pelo critério do FMI - com o fim do acordo, esse parâmetro deixa de existir. Em março, por esse critério, as reservas somavam US$ 35,515 bilhões. Agora serão informadas as reservas líquidas pelo critério do BC, que estavam em US$ 39,544 bilhões. A diferença entre um critério e outro se deve à cotação para o dólar fixada pelo FMI na conversão dos ativos de reservas mantidos em outras moedas estrangeiras; o excesso de títulos brasileiros que integram as reservas; e depósitos de reservas no exterior em bancos com sede no Brasil. (AR)