Título: Furlan apóia a crítica do presidente
Autor: Arnaldo Galvão
Fonte: Valor Econômico, 27/04/2005, Finanças, p. C2

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, apoiou ontem a crítica que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez na segunda-feira contra os que "não levantam da cadeira" para procurar juros mais baixos no sistema financeiro. Para Furlan, as pessoas físicas se mobilizam contra uma ameaça, como foi no caso da Medida Provisória (MP) 232, que reajustou a tabela do Imposto de Renda, mas, ao mesmo tempo, elevava a carga tributária das prestadoras de serviço. "Mas quando há no Congresso quinhentos projetos essenciais para o crescimento e para o desenvolvimento, a mobilização da sociedade é muito tênue. Realmente, as pessoas precisam se levantar e tomar atitude", disse o ministro. Furlan afirmou que sua experiência de lidar com o setor privado é a de quando se tem um objetivo, um projeto, os empresários se movem, vão e buscam o resultado. Em termos de comércio exterior, ele falou que antes do governo Lula as autoridades e o setor privado estavam "acomodados", com raras exceções. Tanto é que, segundo o ministro, foi possível alcançar uma meta arrojada - alcançar US$ 100 bilhões em exportações com 22 meses de antecedência. Mas para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, "o que não existe no Brasil é passividade e não é fácil o dia-a-dia de quem trabalha, de quem produz". Ele afirmou que as empresas e as pessoas físicas no Brasil passaram tantos altos e baixos, tantas dificuldades, tantos pacotes, picos inflacionários, mudanças de regras, insegurança, e sempre se saíram bem. Isso ocorreu, segundo Skaf, graças à perseverança, à competência, à criatividade, ao talento e ao trabalho. Para o presidente da Fiesp, apesar de o país ser um continente, cheio de recursos, há dificuldade na área do crédito, que só representa 27% do PIB. Skaf criticou a política monetária. "Temos os juros são os mais altos do mundo e decidem aumentá-los mais ainda, sem razão justificável." Outros fatores preocupantes, afirma, são os altos spreads bancários, muita burocracia, alta carga tributária e gastos públicos crescentes. "Nós temos que criar uma mentalidade de autoridade produtiva nesse país, para levá-lo ao crescimento sustentável. Enquanto tivermos uma única autoridade, a monetária, com aumentos de juros, crédito restrito, gargalos, burocracia, fica muito difícil levar o Brasil ao crescimento