Título: BNDES lança pacote para estimular investimentos
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 27/04/2005, Finanças, p. C3

Baratear o custo e agilizar a liberação do capital para incentivar os investimentos das empresas e ajudar o país a se tornar mais competitivo. Com esse objetivo, o BNDES anunciou ontem um pacote que promove um corte nas taxas cobradas pelo banco, o que barateia o crédito para as empresas em linhas que financiam bens de capital, exportações, setor naval e outros ligados à infra-estrutura. O banco vai também aumentar, em diversas linhas, a parcela financiada e agilizar o processo de liberação de recursos em financiamentos de até R$ 900 milhões para empresas com as quais já mantém longo relacionamento. As medidas, válidas até o fim deste ano, surgem após um trimestre de desembolsos fracos (R$ 9,45 bilhões, sendo que a meta é de R$ 60,8 bilhões para o ano) e num momento em que alguns economistas começam a revisar para baixo as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2005. Apesar de admitir que o pacote tem como objetivo facilitar e incentivar as operações de crédito ligados ao aumento do nível de investimentos do país, o presidente do BNDES, Guido Mantega, diz que as medidas não têm relação com os fatos recentes. "Essas mudanças já vinham sendo planejadas, são na verdade o cumprimento do primeiro compromisso que fiz ao assumir", disse. "Hoje o Brasil é uma economia em crescimento. Procura deslanchar um novo ciclo de desenvolvimento e para que esse ciclo se consolide, é muito importante que haja um aumento do nível de investimento no país." De acordo com a avaliação de Mantega, a economia deve crescer 4% este ano. "Depois de um ano em que cresceu 5,2%, crescer 4% será satisfatório. Temos todas as condições para que haja crescimento este ano como tínhamos no ano passado", afirma ele. "Se vocês olharem para o ano passado verão oscilações nos prognósticos. No primeiro trimestre também não acreditavam num crescimento tão grande". Segundo Mantega, o pacote anunciado ontem será muito importante para fomentar o desenvolvimento. "As empresas poderão adquirir máquinas e equipamentos a uma taxa 1 ponto percentual menor do que vinha sendo praticada, com queda de 14,95% para 13,95%, isso em função de uma redução de 80% no spread do BNDES", explicou Mantega. Também as linhas destinadas às exportações e a aquisição de caminhões terão custos reduzidos. No programa de agilização de crédito para investimento, todos os setores serão contemplados e, segundo estimativa do banco, há entre 50 e 60 empresas já elegíveis para tomar o crédito mais ágil. "No caso das linhas para infra-estrutura, o prazo de aprovação que hoje é de seis a sete meses deve cair para até um mês e meio", prevê Mantega. O vice-presidente do BNDES, Demian Fiocca, ressaltou que as medidas de agilização de financiamento são para os investimentos correntes e não os estratégicos. "Investimentos correntes são aqueles que não alteram significativamente a situação financeira da empresa e que sejam em atividade onde a empresa já trabalha", explica.